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Simpósio de Fisioterapia

Organizador: Comitê de Fisioterapia da Abrale

O novo coronavírus foi o primeiro tema de discussão do Simpósio de Fisioterapia e o Dr. Jeferson George Ferreira, fisioterapeuta no A.C.Camargo Cancer Center, falou sobre a experiência da Covid-19 no paciente oncológico.

Estudos internacionais apontam que a incidência do vírus no paciente oncológico está ente 1% e 8%. Os mais suscetíveis são aqueles que fazem ou fizeram quimioterapia nos últimos seis meses; que têm cânceres hematológicos, mesmo sem tratamento; que receberam radioterapia extensa; fizeram transplante de medula óssea nos últimos seis meses ou que tomam medicamentos imunossupressores. 

E, claro, a reabilitação se faz necessária. Com ela é possível melhorar o condicionamento físico e respiratório, a resistência e a mobilidade, além de evitar hospitalizações. 

“A atividade física e a reabilitação após o câncer têm uma importância muito grande no acompanhamento do paciente, porque pode diminuir o índice de recorrência e a morte por causas gerais. Entre 3 a 5 horas de exercícios semanais, de acordo com estudos, reduz em até 50% a mortalidade de pacientes com câncer de mama”, explicou o fisioterapeuta. 

Somente nos Estados Unidos, de acordo com o periódico Science Norman Sherpless, há uma previsão que a pandemia provoque 10 mil óbitos a mais por câncer de mama e colorretal nos próximos dez anos. A pausa no tratamento oncológico impacta, também, na reabilitação do paciente. 

“Aquele que fica infectado pelo vírus, ao voltar a realizar o tratamento, pode apresentar mais comorbidades, como desordens neurológicas, dependência total para a realização de atividades diárias, desmame prolongado da ventilação mecânica, além de sequelas respiratórias e físicas. A COVID pode aumentar as chances de eventos embólicos, sendo necessários medicamentos anticoagulantes e os exercícios podem atuar como redutor de riscos desses eventos. Sendo assim, a reabilitação diretamente na UTI é essencial para evitar piores quadros”, completa Jeferson. 

A Oncogeriatria também foi tema deste simpósio e esta é, com certeza, uma discussão muito importante, afinal, os pacientes oncológicos idosos podem, e devem, receber um tratamento adequado e que proporcione qualidade de vida e possibilidade de cura. Hoje, não é a idade que comanda, e sim as condições clínicas de cada um. 

Mario Chueire de Andrade Junior, fisioterapeuta especialista em Geriatria e Sarcopenia do Hospital Sírio-Libanês e membro do Comitê de Prevenção de Quedas do Hospital Sírio-Libanês, falou a respeito dos cuidados essenciais na “melhor idade”. 

“Os pacientes oncológicos idosos merecem uma atenção diferenciada no seu cuidado, avaliação, reabilitação e suporte. Eles trazem alguns desafios, por muitas vezes terem comorbidades que geram impactos, má nutrição, polifarmácia, estado emocional abalado, caquexia e sarcopenia. Estas últimas podem existir juntas, levando à Síndrome da Fragilidade, com perda de peso involuntária, fraqueza muscular e diminuição do equilíbrio”, fala. 

Especificamente sobre a sarcopenia, doença muscular progressiva e generalizada, Mario salientou sobre a importância da intervenção terapêutica. 

“Na fase hospitalar, ela deve ser mais intensa, com alongamentos, exercícios de mobilidade e com carga progressiva, para que o paciente ganhe força muscular e reduza as perdas na manutenção funcional. Na fase ambulatorial, serão feitos alongamentos e exercício de mobilidade, equilíbrio e fortalecimento com carga e aeróbico, para que haja recuperação funcional e melhora na qualidade de vida. Já na fase dos cuidados paliativos, o objetivo será maximizar a independência e funções diárias, para controle das consequências da patologia e suporto psicológico. É importante dizer que a terapia nutricional é um adjuvante na regeneração muscular”, finaliza. 

Simpósio de Fisioterapia

Organizador: Comitê de Fisioterapia da Abrale

Viviane Aparecida Ohasi, fisioterapeuta no A.C.Camargo Cancer Center, falou sobre o manejo vesical em cirurgias oncopélvicas no ambiente hospitalar.

De acordo com ela, os critérios que devem caracterizar o acionamento de um profissional da Fisioterapia são o histórico de UTI de repetição ou o tratamento do paciente; se tem bexiga neurogênica e incontinência urinária; a incontinência anal; ausência miccional maior que 8 horas; e se foi realizada uma cirurgia pélvica.

“O tempo de permanência do cateter vesical é o fator crucial para colonização e infecção. Por isso, a indicação da sonda vesical de demora vai para o paciente crítico e instável com controle rigoroso do débito urinário; para quem realizou cirurgia com previsão de duração prolongada; àquele paciente com presença de feridas sacrais ou perineais abertas; que tenha realizado cirurgias ortopédicas com restrição de mobilidade; com plaquetopenia; ou que tenha passado por cirurgia urológica ou em estruturas para próximas ao trato urinário. Para os pacientes que apresentarem retenção urinária, a conduta deve ser estimular a função miccional com vibro-compressão leve manual ou por meio de dispositivos, estimular micção no toalete, uso de comadre ou papagaio e compressa térmica suprapúbica fria ou morna”, explicou.

Daniele Salvaia, fisioterapeuta na BioOnco, abordou o tratamento da dor miosfascial com a técnica Dry Needling, quando são utilizadas agulhas finas, de aço inoxidável e estéril, na pele e nos tecidos, para interromper as vias sensoriais de dor e relaxar as fibras contraídas.

“A Síndrome Dolorosa Miofascial é fonte comum de dor musculoesquelética e não tem uma característica de doenças, já que ela acontece devido a uma doença. Pode ser uma dor local ou referida, que pode trazer perda de mobilidade. É preciso olhar o paciente como um todo e avaliá-lo amplamente, porque nem toda dor vem do tumor. Com a técnica Dry Needling, há estimulação mecânica, aumentando o fluxo sanguíneo e oxigenação. Os efeitos adversos são bem raros”, disse.

Mariana Maia, fisioterapeuta e supervisora de especialização na Universidade Estadual de Campinas, falou sobre a reabilitação pélvica pós-radioterapia. A técnica é indicada para câncer de intestino, próstata, bexiga e ginecológico.

“A radioterapia é um tratamento local, que tem o objetivo de aumentar o tempo livre de doença e sobrevida global. A pele e mucosa, por terem replicação mais rápida, apresentam efeitos colaterais agudos, por isso há redução do aporte sanguíneo, diminuindo a espessura da mucosa, ausência de lubrificação, ardência, descamação e musosite. A longo prazo pode levar a perda de elasticidade. Os principais efeitos na urina, pós-radioterapia, incluem disúria, incontinência urinária de esforço e de urgência, cistite e retenção urinária. Também pode causar secura e estenose vaginal. Os exercícios do músculo do assoalho pélvico podem ajudar a melhorar o fluxo sanguíneo, facilitando a reparação do tecido”, finalizou.

Simpósio de Fisioterapia

Organizador: Abrale

No Simpósio de reabilitação oncológica do dia 23/09 foram apresentadas as relações do sistema imune com o câncer – como a alteração na imunidade pode influenciar na evolução da doença e como o contexto do tratamento pode causar um desequilíbrio no sistema imunológico. Os profissionais trouxeram três opções de terapias integrativas que ajudam a restabelecer o equilíbrio, além de oferecer outros benefícios para o paciente oncológico.

Em uma pesquisa exibida durante este debate, foi apontado que 53% dos pacientes utilizavam terapias integrativas para se sentir participante do tratamento; 45% para melhorar o sistema imunológico; 22% por prescrição médica e 8% visava alcançar a cura.

Regina Chamon, Médica Hematologista formada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Pós-graduada em Medicina Integrativa pelo Hospital Israelita Albert Einstein,  iniciou sua fala explicando que o estresse é uma resposta natural do corpo quando se está à frente de uma ameaça, diferenciou o estresse agudo do crônico e demonstrou os efeitos de cada um no sistema imune. Dois dos resultados apontados foi a imunossupressão e inflamação das células do corpo, que pode lavar à exacerbação das células tumorais.

Quanto à produtos naturais para auxiliar na melhora da imunidade, ela considerou que é difícil ponderar os riscos e benefícios pois, “não há controle de qualidade, então não é possível saber se o que está sendo vendido como tal erva, realmente é aquela erva. ” 

A terapia sugerida pela Drª.Regina foi a técnica de Mindfulness, que atua na desinflamação das células e no aumento da imunidade celular.

Marcella Tardeli Esteves, enfermeira especialista em oncologia e em cuidados paliativos, mestre pela Universidade Federal em São Paulo e aromaterapeuta pelo Instituto Harmonie, abordou a prática complementar da aromaterapia, suas possíveis formas de aplicação, quais as melhores opções para a pessoa com câncer e quais os cuidados necessários – tanto no uso do método, quanto para saber diferenciar os óleos essenciais das essências.

“Apesar de ser uma prática que, aparentemente, é segura existem algumas situações que a gente precisa estar atento. Não tenham medo de usar, mas esteja atento ao que eu não posso usar para não trazer nenhum malefício para o paciente”, alertou.

Alexandre Castelo Branco, fisioterapeuta, doutorando em biotecnologia na UFES e especialista em Oncologia, contou sobre os benefícios da auriculoterapia, estimulação de pontos específicos no pavilhão ocular, durante o tratamento oncológico. Por exemplo, amenizar os sintomas dos efeitos colaterais da quimioterapia, trabalhar alterações emocionais e trazer bem-estar e conforto.

“É uma técnica de baixo custo, sem contraindicações relativas, sem efeitos colaterais, o máximo que os pacientes podem sentir é um incômodo na hora da introdução da agulha, e que pode trazer inúmeros benefícios”, disse.

Simpósio de nutrição

Organizador: Comitê de Nutrição da Abrale

O simpósio, organizado pelo Comitê de Nutrição da Abrale, trouxe importantes discussões sobre as questões alimentares no que diz respeito à prevenção e também ao tratamento do câncer.

De acordo com Jéssica Reis, nutricionista clínica na Oncologia D’Or, uma má alimentação pode contribuir para disfunções metabólicas e o sistema imune passa a não funcionar corretamente. Assim, 40% dos cânceres são desenvolvidos devido a uma dieta inadequada.

“Na dieta ocidental, come-se muitos produtos industrializados, embutidos, molhos prontos, snacks. E tudo isso estimula a carcinogênese e a mutação no DNA, causando obesidade, inflamação crônica e estresse oxidativo. Precisamos mudar essa cultura, e introduzir mais legumes, vegetais crus e cozidos na alimentação da população”, disse. 

Uma boa nutrição para aqueles em tratamento do câncer também é essencial e seguem recomendações semelhantes ao de prevenção.

“ É preciso manter o peso adequado e consumir grandes quantidades de frutas e verduras. Também é importante trocar os alimentos refinados por integrais e evitar o consumo de carne vermelha, além de limitar o uso de sal e bebidas alcoólicas. O paciente já em remissão não recebe indicação de uso de suplementação para evitar um novo diagnóstico do câncer. Inclusive, a depender de como é feita essa suplementação, pode ser até prejudicial”, comentou a nutricionista oncológica, Ana Laura Rodrigues Bordinhão. Ela também abordou a nutrigenética. “Por meio deste método, é possível perceber que a nutrição vai muito além do fator peso. É possível avaliar como os nutrientes chegam até as moléculas para que elas realizem suas funções. A partir deste conhecimento, podemos determinar uma dieta mais específica, buscando minimizar impactos”. 

Gaziela Ravacci, nutricionista clínica e pesquisadora científica da Faculdade de Medicina da USP, trouxe como tema o manejo da obesidade. Uma dieta desequilibrada, em conjunto com o sedentarismo e obesidade, está ligada a 13 tipos de câncer. Dentre eles, o câncer de mama.

“50% da população brasileira está acima do peso. Os alimentos ultraprocessados estão tomando os lares, causando falta de nutrientes e desequilíbrio nutricional. Sobrepeso e obesidade causam cerca de 15 mil casos de câncer em nosso país, mas se a população adotasse uma alimentação balanceada, apenas 1 em casa 5 pessoas desenvolveria a doença”, falou. 

Patricia Arraes, nutricionista do Oncomed, também reforçou a importância dos cuidados com o peso corporal. 

“Com a redução de peso, há 61% menos risco de mortalidade específica por câncer de colo e reto. A diminuição do sobrepeso e o IMC também aumenta a performance do paciente durante o tratamento. Pesquisas mostram que, mulheres que seguiram as recomendações de dieta consistente durante o tratamento do câncer de mama, tiveram risco 26% menor de morte. Para o câncer de colo retal, o risco foi 20% menor”, explicou. 

Agora, todo o cuidado é pouco quando dietas milagrosas prometem, dentre tantas coisas, a cura de doenças como o câncer. O Dr. Felipe Ades, oncologista clínico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz fez um alerta: “A ciência é o método para entender sobre os assuntos ligados à saúde. É preciso sempre realizar as pesquisas em fontes confiáveis, como a Organização Mundial da Saúde, o Conselho Federal de Nutricionistas, Associação Brasileira de Nutrição. Na dúvida, não compartilhe nenhum tipo de informação”. 

Simpósio de Nutrição

Organizador: Abrale
Apoio: Danone

O Simpósio de Nutrição que aconteceu no dia 23/09 teve como tema central a microbiota e o microbioma intestinais. O objetivo foi discutir quais são as informações disponíveis atualmente e o que pode-se esperar para o futuro e quais são as indicações nutricionais para o microbioma dos pacientes oncológicos e que estão imunodeprimidos. 

O painel contou também com uma apresentação extra sobre as estratégias de cuidado nutricional para as pessoas com câncer que contraíram COVID-19.

Isabelle Novelli apresentou estudos que demonstram que uma maior diversidade na microbiota, ou seja, micro-organismos que estão presente no trato intestinal, está diretamente ligada com uma maior sobrevida após o transplante de medula óssea (TMO) e que o tipo de micro-organismo pode influenciar em como o paciente responde à imunoterapia.

“Quando a gente tem uma alimentação de maior qualidade, aumentamos a diversidade e a abundância dessa microbiota”, disse.

Ela ainda explicou que uma microbiota desequilibrada pode influenciar no sistema imunológico de uma pessoa, fazendo com que ele tenha dificuldade de enxergar o que é um patógeno, ou não, causando uma resposta imune exagerada e possibilitando o aparecimento de um câncer.

Bruna Moares reforçou o efeito causado por padrões alimentares no microbioma intestinal, principalmente por probióticos, prebióticos e vitaminas.

“Somente pelo estímulo do alimento estar ali no intestino, ele já provoca uma modificação do ambiente intestinal, fazendo com que certas bactérias que se alimentam desse composto aumentem em quantidade”, contou. Porém, complementou informando que “a modificação da alimentação altera rapidamente o microbioma, mas, ao retornar a alimentação antiga, o microbioma também volta. ”

Para os pacientes oncológicos, a modulação do microbioma intestinal poderia, possivelmente, aumentar o número de micro-organismos que reduzem inflamações, como as inflamações causadas pela radio e quimioterapia. Entretanto, ainda são mais necessários estudos em seres humanos para ter uma resposta definitiva. 

O mesmo vale para pacientes imunodeprimidos, especialmente aqueles que realizaram um TMO alogênico.

“As evidências são inconclusivas, pois há uma heterogeneidade entre os estudos. Quando houve benefícios, foram muito pequenos, exceto para radioterapia da pelve, na qual houve redução da incidência e da gravidade da diarreia”, falou Ana Laura Bordinhão.

A grande novidade trazida por ela foi a possibilidade, em alguns casos, de pacientes com neutropenia estarem liberados para consumir alimentos crus.

Na palestra extra, Juliana Nabarrete indicou quais são as diretrizes de nutrição para em pacientes oncológicos contaminados com o novo coronavírus. É preciso  focar na perda de olfato, alteração de paladar, distúrbios gastrointestinais e diminuição do apetite. Ela salientou a importância da intervenção nutricional precoce já que essas situações são comuns no tratamento oncológico e podem se agravar devido ao quadro de COVID-19.

No pós-pandemia ela ressaltou a importância do fortalecimento da Nutrição nas Políticas Públicas de prevenção do câncer. Os principais pontos são “trabalhar para garantir o Direito Humano à alimentação adequada, educação e orientação em passa, entender a obesidade como doença complexa, que envolve aspectos biológicos, nutricionais e psicológicos e oferecer uma assistência nutricional oncológica adequada, segundo consta na Política Nacional de Prevenção e Controle Contra o Câncer. ”

Simpósio de Enfermagem

Organizador: Comitê de Enfermagem da Abrale

A COVID-19 gerou um grande impacto nos sistemas públicos e privados de Saúde. E para quem estava na linha de frente, encarar toda essa situação foi ainda mais difícil.

Rita de Cássia Bandeira, enfermeira do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, falou sobre o impacto emocional que todos os profissionais de saúde sentiram.

“Sofremos junto com o paciente. Precisei ficar isolada por 15 dias e fiquei muito preocupada com todos aqueles que dependiam da minha atenção. Mas, na medida do possível, continuei conectada com todos eles, orientando sobre os principais cuidados necessários. Fomos fortes, mas muitos também ficaram doentes. A mídia não mostrou a fila de mais de 300 médicos no centro de atendimento do funcionário, esperando o resultado do exame de detecção da COVID-19, preocupados em como ficaria sua saúde e seus atendimentos”, comentou.

Juliana Pepe Marinho, coordenadora de enfermagem do Centro Cirúrgico e Centro de Material e Esterilização do Hospital do GRAACC, abordou os impactos na Oncopediatria.

“Câncer e COVID-19 agem de maneira diferentes, quando comparados ao adulto. O maior estudo, com mais de 7 mil pacientes pediátricos, mostrou que crianças têm menor incidência para o novo vírus. Ainda não se sabe o porquê, mas as teorias mostram que os pequenos podem ter uma imunidade maior devido ao contato que costumam ter com outros vírus. Já a criança com câncer tem uma maior chance de desenvolver a COVID-19 grave, por serem imunossuprimidas. Durante o início da pandemia, alguns tipos de TMO foram suspensos, mas mantivemos o tratamento com quimioterapia, em especial para os pacientes recém-diagnosticados. O maior impacto que sentimos foi no diagnóstico, já que recebemos menos procura”, comentou.

Natacha Silva Moz, enfermeira da Unidade de Pesquisa Clínica do Hospital de Câncer de Barretos, falou especificamente das doenças onco-hematológicas, que exigem ainda mais atenção ao novo coronavírus. 

“Pacientes com leucemias, linfomas, dentre outras patologias hematológicas, correm maiores riscos de mortalidade por conta da COVID-19. Por isso, os cuidados precisavam ser muito minuciosos. A pandemia também impactou na participação em estudos clínicos. Tivemos uma diminuição em 74%, se comparado ao ano passado”.

Simpósio de enfermagem

Organizador: Abrale

O simpósio de enfermagem do dia 23/09 teve como tema central os fluxos que foram criados nos hospitais, devido à COVID-19, para o atendimento dos pacientes onco-hematológicos. As experiências foram contadas por enfermeiras do Brasil e de Madrid, na Espanha.

Camila Forni Antunes, Enfermeira Supervisora Operacional dos Centros de Referência e Programa de Navegação no A.C.Camargo Cancer Center, contou que o principal desafio, no período mais intenso da pandemia, foi em relação às pessoas com cânceres hematológicos que foram submetidas ao transplante de medula óssea (TMO). 

Para evitar a contaminação por meio desse tratamento, foi preciso alterar a forma de garantir a disponibilidade de células-tronco. Para isso, foi utilizado um sistema diferenciado de armazenamento das células doadas. Outras ações também precisaram ser feitas para garantir a segurança dentro dos hospitais e, principalmente, para evitar adiamento dos procedimentos. Além disso, houve uma intensificação no acompanhamento pós-TMO, pois é comum que o paciente, nessa situação, apresente alguns sintomas que são semelhantes às manifestações do novo coronavírus.

“Os pacientes que precisaram do TMO, receberam o tratamento e nenhum foi infectado durante esse período”, contou.

Tânia Michele Barreto Waisbeck, Enfermeira Sênior Qualidade – Onco/Hematologia e TMO no Hospital Israelita Albert Einstein, considerou que o essas modificações trouxeram um ponto positivo na estrutura dos hospitais: interação entre as áreas médicas.

“Na oncologia e no transplante a gente vê, todos os dias, a necessidade de garantir a continuidade da assistência ao paciente oncológico. Mais do que nunca, durante o período mais intenso da pandemia, nós precisamos disso. Muitas vezes, isso acontecia porque o paciente estava em uma unidade que era fora da especialidade e precisávamos orientar as pessoas que estavam cuidando dessa pessoa, então essa interação ocorreu mais do que nunca”, disse. 

Em comparação com o cenário brasilleiro, Julia Ruiz compartilhou a experiência dos enfermeiros de Madrid nos últimos meses. Foi feito um rearranjo dos profissionais dentro dos hospitais, então enfermeiras mais experientes permaneceram na área da onco-hematologia. Já as mais jovens, foram direcionadas para as áreas de atendimento geral. Assim como aconteceu no Brasil, os protocolos eram alterados conforme novas informações chegavam e os conhecimentos sobre o vírus aumentavam.

“Poucos pacientes hematológicos e oncológicos foram infectados, nós restringimos praticamente todas as visitas. Cada paciente só poderia ter um acompanhante e essa pessoa tinha que ficar, não poderia ter revezamento”, falou.

O debate foi moderado por Lidiane Soares.

Simpósio de enfermagem

Organizador: Abrale

No Simpósio de enfermagem do dia 24/09, foram apresentados os desafios da continuidade dos cuidados paliativos durante a pandemia, por meio da experiência de uma profissional brasileira e de uma australiana, e qual o papel do líder diante do quadro reduzido devido à pandemia.

Camila Viale iniciou sua apresentação esclarecendo o papel do cuidado paliativo em doenças crônicas e os seus princípios fundamentais. Em seguida, ela disse que, mesmo durante os meses de pico da pandemia, fazia parte das responsabilidades dos profissionais oferecer esse tipo de atenção em conjunto com o tratamento padrão. Para que isso acontecesse da melhor forma possível, foi preciso alterar o fluxo de atendimento, individualizar cada caso, realizar coleta domiciliar e humanizar ainda mais o atendimento – para alguns pacientes em final de vida, a visitação e presença de acompanhantes foram permitidas.

Camila comentou que o principal desafio foi equilibrar a equidade de atenção aos pacientes. “A falta de planejamento antecipado em situações de risco podem levar ao desperdício de recursos, perda de vidas e perda de confiança, levando à falta de confiança não só dos pacientes, mas também dos profissionais”, disse.

Renata Osorio-Stevens, contou sobre a sua experiência, como enfermeira paliativista, durante a quarentena na Austrália. Ela informou, inicialmente, sobre os métodos utilizados no país para garantir o distanciamento físico e, um deles era a necessidade de, mesmo os profissionais especializados, possuírem uma autorização para circular. Essa medida acabou fortalecendo o relacionamento da população com farmácias comunitárias e membros das equipes multidisciplinares.

“Apesar da pandemia ter deixado as pessoas, fisicamente, mais distantes e os profissionais todos cobertos, trouxe a gente mais para perto, principalmente com serviço de enfermagem. Cuidados paliativos a gente pensa em dignidade, compaixão e respeito e isso, a gente consegue prover, independente do que está acontecendo ao nosso redor”,  ressaltou.

Cristina Vogel, gestora de enfermagem, relembrou o cenário dos hospitais nos meses mais intensos da pandemia. Nessa época, o número de pacientes de COVID-19 aumentava e a equipe reduzia. Ela trouxe, também, questões enfrentadas pelos profissionais da saúde, por exemplo, enquanto a população estava cansada da quarentena, essas pessoas não podiam ficar em casa. Além disso, em algumas situações, quem estava na linha de frente, passou a sofrer ataques dos vizinhos, pois eles tinham medo de ser contaminados.

“Foi muito surpreendente, a gente teve das mais diversas posturas. A grande maioria das pessoas vestiu a camisa. Eu achei interessante que tiveram profissionais que tiveram muito medo, o que é uma reação justa porque somos seres humano. A preocupação não era tanto com eles mesmos, mas sim com seus familiares”, relatou.

O debate foi moderado por Eloise Cristiani Borriel Vieira.

Simpósio de farmácia

Organizador: Abrale

O Simpósio de farmácia do dia 24/09 teve como tema central a farmacovigilância dos medicamentos orais, que foi abordada por meio da visão da indústria farmacêutica, do farmacêutico clínico e do paciente oncológico. O objetivo foi explicar como essas relações e processos se dão atualmente e sua importância para as três realidades;

“O farmacêutico presta orientação e acompanha por três meses. Quando a gente faz o acompanhamento por telefone, nosso objetivo é entender a necessidade do paciente e fazer o medicamento se adequar a necessidade dele”, contou Renata Della Betta, farmacêutica especialista em Oncologia e atua no hospital A.C Camargo Câncer Center.

Ela disse que o medicamento oral traz algumas vantagens, como uma menor quantidade de idas ao hospital e uma consequente melhora na qualidade de vida do paciente. Entretanto, essas pessoas podem ter alguma dificuldade em dar continuidade ao tratamento e apresentar alguma reação adversa, diminuindo a adesão ao tratamento. Por isso é importante que o enfermeiro faça um acompanhamento focado em explicar as interações medicamentosas, como lidar com os efeitos colaterais e converse sobre outras questões relacionadas à rotina da pessoa.

Gabriela Diniz, que atua há 15 anos na Eurofarma Laboratórios como gerente de Farmacovigilância, explicou que o monitoramento da segurança dos medicamentos dentro da indústria farmacêutica pode acontecer de forma espontânea, na qual o paciente procura o laboratório, ou pode partir de uma iniciativa da própria empresa. 

“Há muita resistência do paciente fazer essa notificação [de efeitos colaterais] pois ele pode achar que essa notificação não é necessária pois ele será somente uma estatística, porque é muita burocracia ou porque o relato dele não fará diferença. Mas é importante que ele busque a farmacovigilância”, indicou.

Jamerson Duarte, paciente de linfoma não-Hodgkin, falou sobre a sua experiência como paciente que desenvolveu neuropatia periférica devido ao medicamento utilizado.

“Cada paciente vai encontrar o melhor método para usar o medicamento que foi indicado pela equipe médica. Quando a gente recebe um medicamento, o ideal é que o enfermeiro  explique os efeitos colaterais. Eu recebi todas as informações necessárias da minha equipe médica”, aconselhou.

Simpósio de Farmácia

Organizador: Abrale

O Simpósio de Farmácia do dia 25/09 teve como tema central o transplante de medula óssea (TMO), com enfoque no papel do farmacêutico no pós-transplante em adultos e crianças.

“O trabalho do farmacêutico dentro do setor envolve a efetividade do cuidado centrado, estar mais próximo dos pacientes, acompanhamento farmacoterapêutico adequado, discussões em tempo real – então, nós temos aí uma visão holística, apoio técnico em todas as fases da cadeia medicamentosa – principalmente, naqueles que sofrem suas importações e são do Ministério da Saúde –  e incorporação de novas tecnologias”, disse Frank Ferreira Pinto, farmacêutico clínico em TMO e Onco-hematologia no A.C Camargo Câncer Center.

Mariana Perez Esteves Silva Motta, farmacêutica em TMO e Onco-hematologia no Hospital Israelita Albert Einstein, explicou que a principal preocupação no transplante infantil é após a alta hospitalar. 

“Enquanto o paciente está internado, a responsabilidade de garantir que os medicamentos sejam tomados corretamente, é do farmacêutico. Mas quando o paciente vai para casa, a responsabilidade passa a ser dos familiares e cuidadores (…) sendo que o paciente que internou, não é o mesmo que está saindo após o TMO. Então, se antes ele tomava x medicamento, agora ele toma x+y+z, por isso é comum surgirem dúvidas e dificuldades no cuidado em casa. ”

Ela complementou dizendo que, nesse momento, cabe ao farmacêutico passar conceitos básicos para a família, como diluição, concentração, volume e gestão da validade do medicamento. Além disso, deve ser incentivado que a criança ou adolescente tenham participação ativa no seu tratamento. 

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