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Aumento da incidência e mortalidade por câncer: como diminuir estes números?

Organização: TJCC

Mesmo com o avanço das políticas públicas e do desenvolvimento de novas tecnologias em saúde, o mundo enfrenta o aumento da incidência e mortalidade por câncer. Para mudar esse cenário, é preciso entender onde os esforços não são eficientes e planejar novas estratégias ou otimizar as já existentes. Nesse contexto, os dados são grandes aliados, pois auxiliam na identificação dos pontos fracos e fornecem base para o planejamento das melhorias.

Segundo João Abreu, mestre em Desenvolvimento Internacional pela Universidade de Harvard e co-fundador e diretor-executivo da Impulso Gov, 160 milhões de pessoas têm registro na atenção primária, no SUS; 17 milhões usaram a atenção primária, sendo 70% as mulheres, 60% pessoas pretas ou pardas e 95% que não têm plano de saúde. 

“Uma novidade muito importante foi o lançamento do programa Previne Brasil, em 2019, que ainda é pouco divulgado. Ele condiciona os repasses federais para os municípios ao desempenho de indicadores, dentre eles o exame citopatológico na APS. Então a regra estabelecida é realizar 1 coleta de exames citopatológico de colo de útero no intervalo de 3 anos, em mulheres entre 25 e 64 anos. A meta é de 40%. Caso atinjam essa meta, recebem o valor total dos repasses. Mas, 94% dos municípios não conseguem. E olha que esta meta de 40% ainda não é a ideal. É muito difícil chegar em todas essas mulheres. Precisamos modernizar o uso da tecnologia”, comentou. 

Ana Beatriz Machado de Almeida, sanitarista e doutoranda em Epidemiologia pela FSP/USP, atualmente pesquisadora na Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) e conteudista do Observatório de Oncologia, falou sobre a mortalidade por câncer já ser a primeira causa de morte em 11% dos municípios brasileiros. 

“A taxa de mortalidade do Brasil está acima de alguns países, entre eles Colômbia e Peru. Estes dados nos mostram que precisamos trabalhar a prevenção e os fatores de risco. 30% dos casos de câncer podem ser curados a partir da detecção precoce. Mas os levantamentos mostram o contrário: 88% dos casos de câncer de pulmão foram diagnosticados em estadiamentos 3 e 4, por exemplo. 73% dos cânceres de estômago também foram diagnosticados em casos avançados. Temos muitas políticas públicas existentes hoje, em saúde. Elas objetivam reduzir a mortalidade e a incidência do câncer no Brasil. Mas onde os esforços não estão sendo eficientes? Podemos otimizar as estratégias?”, salientou. 

A dificuldade para conseguir ter acesso aos dados foi levantada por Dr. Alfredo Scaff
médico Epidemiologista, mestre em Saúde Coletiva e Consultor Médico na Fundação do Câncer. 

“Temos muita dificuldade de conseguir acesso a alguns dados, o que torna a epidemiologia do câncer ainda mais difícil. O rastreamento tem que ser para uma população inteira, para que de fato altere a epidemiologia da doença. O câncer precisa ter planejamento de longo prazo. No Rio de Janeiro, temos uma deficiência de 14 UNACONS. Ainda que eu tenha recursos, demoraríamos entre 5 e 10 anos para conseguir, de fato, atender os pacientes. Se não planejarmos, não vamos conseguir mexer nos números de incidência e mortalidade. A quantidade de casos de câncer no Brasil é um absurdo. O câncer do colo do útero deveria já estar extinto aqui, porque é completamente evitável. Mas em nosso país, as mulheres continuam morrendo por esse tipo da doença”, pontuou.                                                                                                                                                                                      

Dr. Luiz Antonio Santini, ex-diretor do INCA e atualmente pesquisador associado do Centro de Estudos Estratégicos (CEE) da Fiocruz comentou sobre a desigualdade social do câncer. 

A desigualdade na incidência e mortalidade entre os países é uma das questões. Tanto do ponto de visto de acesso aos recursos existentes, quanto às inovações. Se já sabemos que vai aumentar a mortalidade, também estamos dizendo que alguns tipos de cânceres são passíveis de prevenção e tratamento. E temos um sério problema de recursos. O gasto por câncer é muito alto em todo o mundo. 1.5 do PIB total mundial foi usado para o tratamento, mas a maior parte dos recursos nos Estados Unidos e Europa”, finalizou. 

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