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A Multidisciplinaridade na Jornada do Paciente: Adesão ao tratamento à qualidade de vida

Organizador: Abrale

O tratamento oncológico vai além dos medicamentos utilizados para combater a doença em si. Inclui diversas técnicas e estratégias para garantir uma boa qualidade de vida do paciente e, para isso, é preciso que a equipe inclua especialistas de diversas áreas da saúde. 

A Drª. Sabrina Chagas, Vice-Presidente e Idealizadora do Instituto Nosso Papo Rosa. Membro Titular da Academia de Medicina de Reabilitação e oncologista da Oncologia D’OR, pontuou que além de contar uma equipe com diversas especialidades, é fundamental que os profissionais estejam sempre em contato e interagindo. 

“Infelizmente, mesmo passando por vários profissionais, muitas vezes, esses profissionais não conversam entre si. Isso é importante porque o paciente tem uma cultura, uma história. Pode ser que na consulta de outro médico, esse profissional perceba algo que eu não percebi e isso pode fazer total diferença no tratamento. Nenhum tratamento é isolado, é associado sempre”, ela falou.

Tania Tonezzer, fisioterapeuta, mestre pela USP e Especialista em Fisioterapia Oncológica e Linfoterapia – ABFO /COFFITO, fundadora do Onco Movimento – reabilitação física e exercícios para pacientes oncológicos e membro da ABFO e American Physical Therapy Association (APTA), iniciou sua participação reforçando o papel da fisioterapia durante o tratamento oncológico.

“Tem um lugar meio que de casa das máquinas de um navio. É ali que a gente põe a graxa, cuida da pressão, cuida de vários aspectos para que a jornada seja mais leve e fortalecida. A fisioterapia começa na prevenção do câncer e promoção de hábitos saudáveis e continua presente durante toda a terapia.”

Ela ainda comentou que há três principais barreiras para os pacientes brasileiros terem acesso esse tipo de tratamento: a primeira é que os médicos desconhecem a importância do fisioterapeuta na jornada, a segunda é que há uma falta de informação por parte do paciente que ele precisa do fisioterapeuta e a terceira é que há uma falta de profissionais qualificados espalhados pelo país.

Gabriela Sandoval da Silva, farmacêutica clínica do Hospital Israelita Albert Einstein e especialista em Oncologia e representante regional de São Paulo da Sociedade Brasileira de Farmacêuticos em Oncologia (SOBRAFO), disse que, apesar dos farmacêuticos não costumam estar presente no dia-a-dia no leito com os pacientes, esses profissionais também são muito relevantes no tratamento.

“Nós, rotineiramente, estamos lá nos bastidores, agora estamos saindo dos bastidores para nos aproximar do paciente e da equipe”, ela contou. Gabriela ainda ressaltou que uma das funções de maior relevância do profissional farmacêutico é a explicação e orientação de como os medicamentos orais devem ser tomados em casa.

 “A maior ferramenta é a individualização, que tem que se encaixar na rotina dele. Não adianta eu falar para você tomar um remédio às 7h, se você acorda às 10h. Tem que adequar a rotina do paciente ao medicamento, o medicamento tem que caber na vida dele .”

Caio Henrique Vianna Baptista, psicólogo; mestre em Ciências. Presidente da Estadual SP da SBPO e membro do Comitê de Psicologia da Abrale, informou que apesar de ser muito comum que os pacientes se recusem a fazer o acompanhamento psicológico, toda jornada do paciente é psicológica.

“Se a gente fala de um tratamento, estamos fornecendo esse tratamento para  um sujeito, mas esse sujeito vem com toda uma história que comporta, ou não, todo o processo do tratamento, até a psicologia tem que caber, de alguma maneira, na história do sujeito. Durante a jornada, existe um processo de despersonalização da pessoa, porque ela tem que sair de um lugar de uma pessoa, para virar um paciente e isso é tudo muito doloroso”, descreveu.

Ele ainda respondeu que nem todos os pacientes precisam de terapia, mas todos precisam ser escutados. De acordo com Caio, o papel da família é chegar e falar “olha vai ficar tudo bem”, já o papel da equipe é indicar o que deve ser feito, porém o papel do psicólogo é olhar para a pessoa e perguntar o que ela está sentindo com tudo isso.

“A gente vive numa ordem onde a tristeza tem que ser colocada numa caixa e fechada. As pessoas esquecem que para que alguém chegue à felicidade, tem momentos de tristeza”, ressaltou. 

Por outro lado, André Torres, ex-paciente de Leucemia Aguda, transplantado de medula, fundador do Caçadores de Medula e membro do comitê de pacientes da ABRALE, contou a sua jornada como paciente leucemia e como a equipe multidisciplinar foi importante durante o processo.

“A gente acha que o câncer só vai bater do vizinho, mas também pode bater na nossa porta e, para mim, o diagnóstico foi tudo muito rápido. Minha história foi repleta de herois, meu filho foi o 1º, minha doadora foi a 2ª e, logicamente, também vários herois que passaram na minha vida por meio da equipe multidisciplinar. Eu falo que a moça da limpeza é também da equipe multi, os enfermeiros e técnicos estão ali todo dia, quando vão me acordar, são eles que estão me aguentando todo dia.”

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