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UFSCar desenvolve aparelho de baixo custo que detecta câncer de cabeça e pescoço
Pesquisa foi feita em parceria com o Hospital de Amor de Barretos. Segundo os cientistas, tecnologia poderá ser adaptada para realizar diagnóstico de outras doenças.
Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em parceria com o Centro de Pesquisa em Oncologia Molecular (CPOM) do Hospital de Amor de Barretos (SP), desenvolveram um dispositivo para detectar câncer de cabeça e de pescoço, que poderá ser adaptado para a Covid-19.
O equipamento é feito com materiais descartáveis de baixo custo e tem a mesma precisão dos diagnósticos realizados atualmente, que fazem a detecção dos tumores por biomarcadores.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), os tumores de cabeça e pescoço representam o segundo tipo de câncer mais comum entre homens e o quinto mais diagnosticado em mulheres, sendo que o diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento.
Intitulada “Sensor eletroquímico descartável para quantificação de miRNA para o diagnóstico de doenças e método de obtenção e de quantificação”, a pesquisa é de autoria de Ronaldo Faria, Orlando Fatibello Filho, Fernando Cincotto e Wilson Fonseca, do departamento de Química (DQ) da UFSCar, em conjunto com Matias Melendez, Ana Carolina Peters e André Carvalho, do CPOM.
Como funciona?
Por nove meses, os pesquisadores da UFSCar e do CPOM trabalharam no dispositivo, que é mais simples que os atualmente existentes, para detectar uma proteína que é um biomarcador do câncer de cabeça e pescoço.
Os biomarcadores são compostos presentes no sangue, urina, saliva ou lágrima e que podem ser medidos para identificar a presença de alguma patologia no organismo.
Há várias maneiras de detectar esses biomarcadores, mas a proteína microRNAs (mirRNa) – composto que indica a presença do câncer de cabeça e pescoço – necessita de técnicas mais sofisticadas.
Baixo custo
De acordo com Fonseca, o método não utiliza ultrassonografia, ressonância magnética ou medidas em RT-PCR (método padrão que utiliza equipamentos pesados e grandes).
“O diferencial é o fato de ser um dispositivo descartável e que possibilita a portabilidade, uma vez que os exames atuais são feitos em laboratórios com equipamentos difíceis de se transportar”, explicou.
Ainda segundo o pesquisador, o dispositivo é confeccionado com materiais simples, como plásticos, tintas condutoras, folhas de impressora a laser, impressora de recorte, adesivos vinílicos e outros materiais de papelaria.
Pesquisa e resultados
Para o desenvolvimento da tecnologia, foram analisadas 18 amostras de pacientes separados em grupo controle (que não possuem a doença) e grupo afetado (que possuem câncer de cabeça e pescoço).
Nas amostras de pacientes com a doença, o equipamento detectou o biomarcador miRNA-203. Já nas do grupo que não possui os tumores, apresentou uma resposta diferente.
A partir daí, os resultados foram comparados com os dados dos mesmos pacientes que tinham sido submetidos ao método padrão de detecção, concluindo a eficácia no diagnóstico de câncer de cabeça e pescoço.
Próximos passos
Ainda não é possível disponibilizar a tecnologia porque os pesquisadores necessitam de investimentos e parceiros para aprimorarem a parte eletrônica. Mas as expectativas dos pesquisadores são boas.
“Alcançamos elevada sensibilidade detectando a molécula em níveis de concentração bastante baixos, o que a torna o equipamento promissor ao mercado”, afirmou Fonseca.
No futuro, os pesquisadores querem usar a tecnologia para detectar também doenças como o HIV, artrite reumatoide e Covid-19.
Fonte: G1/ Por G1 São Carlos e Araraquara