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Menstruação durante o tratamento oncológico

Alterações na menstruação é um dos possíveis efeitos colaterais durante esse processo. É preciso ficar atenta, pois elas podem ser um sinal de infertilidade

Por Natália Mancini

É comum que a menstruação e o ciclo menstrual sofram algumas alterações durante o tratamento contra um câncer. Mesmo sendo normal, é importante falar sobre o que está acontecendo com o oncologista e com o ginecologista para confirmar se está tudo bem. Na maioria dos casos é possível controlar essas mudanças e a situação se normaliza após o fim do tratamento.

A menstruação é o processo de descamação e eliminação do endométrio, tecido que reveste o útero. Durante o ciclo menstrual, esse tecido se prepara para  abrigar o embrião, entretanto se não ocorrer a fecundação do óvulo, o endométrio se desprende e é eliminado. Assim, há o sangramento e, em seguida, todo o processo recomeça. Em geral, o ciclo menstrual dura de 25 a 30 dias, porém esse tempo pode variar de mulher para mulher.

No caso das pacientes em tratamento oncológico, é possível que elas apresentem menstruação irregular enquanto o tratamento durar.

“A quimioterapia afeta o funcionamento do ovário e faz com que, muitas vezes, as células germinativas sejam destruídas. Dessa forma, interferindo na mulher que ainda menstrua e fazendo com que ela pare”, diz o Dr. Luiz Henrique Gebrim, diretor do Hospital Pérola Byington.

Por outro lado, no caso de mulheres que realizam a hormonioterapia, é possível que aconteça o contrário. Como essas medicações podem estimular o funcionamento do ovário, essas pacientes podem ter um aumento no fluxo menstrual. Isso acontece, por exemplo, no caso do câncer de mama tratado com tamoxifeno.

“É possível corrigir com medicamentos sem problemas, mas não afeta a fertilidade”, o Dr. Gebrim conta.

Outros fatores psicológicos, como estresse devido ao câncer ou a algum procedimento que será realizado, também podem afetar a menstruação. Entretanto, as alterações são pequenas e transitórias, ou seja, o ciclo menstrual volta ao normal em pouco tempo.

Menstruação, quimioterapia e infertilidade

A principal preocupação com as mudanças na menstruação causadas pelo tratamento contra o câncer não está na irregularidade em si. A questão é que com a destruição das células germinativas, os óvulos, é possível que a mulher fique infértil. Ou seja, há a possibilidade dela não conseguir mais ter filhos.

De acordo com o Dr. Gebrim, quanto mais nova a paciente for, maiores as chances de voltar a menstruar normalmente e continuar fértil. Entretanto, em geral, se ela tiver entre 40 e 45 anos, possivelmente voltará a menstruar, mas não será fértil. Acima dos 45 anos, há grande chances de entrar na menopausa precoce, não menstruando e nem possuindo óvulos.

“Então, quanto mais jovem a mulher, maior a chance de ela voltar a menstruar normal e manter a fertilidade. Obviamente, depende também do tipo de tratamento que é usado e o tipo de câncer, se é de mama ou uma leucemia. Isso varia de acordo com o tempo e com a dosagem das quimioterapias”, diz o médico.

Ele ainda comenta que em alguns tipos de câncer de mama a menopausa precoce é, na verdade, uma aliada. Isso acontece, especialmente, nos casos em que o tumor é estimulado por hormônios. Então, como na menopausa há uma menor quantidade de hormônios circulando, antecipá-la faz parte da estratégia de tratamento.

Já para as mulheres jovens que ainda querem ter filho após o tratamento oncológico, há métodos para preservar a fertilidade. Assim, mesmo que a terapia interfira nos ovários, ela poderá ter filhos.

“Coletamos o óvulo da paciente para que caso as funções ovarianas não se restabeleçam depois do tratamento, ela possa engravidar com aquele óvulo criopreservado”, diz o médico.

Geralmente, a menstruação retorna de 3 a 6 meses e, após isso, é analisado se a paciente pode e consegue engravidar. Caso ela não consiga de forma natural, utiliza-se o óvulo que está guardado.

 

Fonte: Revista Abrale 

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