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Imunoterapia aumenta expectativa de vida em pacientes com câncer, mas não chega ao SUS

A imunoterapia pode aumentar a expectativa de vida e o bem-estar de pessoas com câncer, mas ainda é pouco acessível para a população.

No SUS, médicos encontram dificuldades na hora de prescrever imunoterápicos em razão da falta de financiamento, o que compromete a democratização do tratamento.

Considerado um avanço importante na medicina oncológica, a estratégia “treina” o sistema imunológico para reconhecer e combater células cancerígenas.

Esse foi um dos temas da 7ª edição do Seminário Sobre Câncer, realizado pela Folha em 15 e 16 de agosto.

O evento teve patrocínio da Bristol Myers Squibb, do Hospital Sírio-Libanês e da Pfizer e mediação de Vera Guimarães, ex-ombudsman da Folha.

“É um avanço enorme. São drogas com um alvo muito dirigido e têm uma toxicidade diferente dos quimioterápicos comuns. Para a grande maioria dos pacientes, o tratamento é muito bem tolerado”, afirma Maria Del Pilar, diretora do corpo clínico do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo).

A especialista diz que pode haver efeitos colaterais em alguns casos, mas que a medicina tem aprendido a lidar com essas situações.

“Talvez o mais importante é que a imunoterapia trouxe para algumas doenças uma expectativa de vida que não tínhamos antes. Isso é particularmente verdadeiro no melanoma, no câncer de pulmão e no câncer renal.”

Ela acrescenta que o efeito dessa terapia pode aumentar com o uso dos imunoconjugados, ou seja, drogas que unem anticorpo com quimioterápico para combater a doença.

Apesar de ser um tratamento importante, o acesso é desigual. Segundo a especialista, o financiamento na rede pública ainda é insuficiente para garantir que ele seja ofertado de maneira sistemática.

“Nós esbarramos nesse momento em dificuldades que precisam ser transpostas para que não tenhamos diferenças sociais durante o tratamento. Se ele é útil, traz ganho e qualidade de vida ao paciente, é importante que seja oferecido a quem realmente precisa.”

Opinião semelhante tem Marina Sahade, oncologista e vice-diretora clínica do Hospital Sírio-Libanês. Segundo ela, os pacientes que se submetem à imunoterapia não costumam passar mal nem precisar de internação.

“Mas o grande desafio é o acesso. Para uma doença como o melanoma, em que as outras opções não são boas, é gravíssimo ter que brigar pelo acesso à imunoterapia.”

Ela lembra que, antes desse método, havia tratamento para o melanoma que provocava efeitos adversos graves e tinha baixas taxas de resposta.

“A imunoterapia nos permite levar uma qualidade de vida muito melhor ao paciente. Agora, a gente só precisa mostrar que isso está acontecendo para tirar o peso que é todo mundo achando que o paciente está morrendo quando na verdade ele não está.”

Diretora médica da Bristol Myers Squibb, Angélica Pavão diz que pacientes idosos podem fazer uso da imunoterapia e que a idade mínima para se submeter ao tratamento costuma ser de 18 anos.

Já Marina Sahade diz que mulheres não podem engravidar durante o tratamento e que elas precisam de um intervalo para gestar depois que a imunoterapia termina.

Além disso, ela afirma que não se sabe ao certo se há comprometimento da fertilidade. “É fundamental que o paciente pergunte ao oncologista se vai afetar, se precisa congelar óvulo ou esperma.”

Ainda que apresente benefícios no combate a certos tipos de câncer, a imunoterapia esbarra em algumas limitações. Para o tratamento de sarcoma, os testes não tiveram resultados satisfatórios.

 

Fonte: Folha de S. Paulo

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