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Dispositivo criado na USP permite que pacientes com câncer de pele façam tratamento em casa
Um dispositivo eletrônico do tamanho de uma moeda permite o tratamento de pacientes com câncer de pele em casa. A tecnologia desenvolvida pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC), da Universidade de São Paulo (USP), já foi testada por médicos em pacientes voluntários e os resultados foram excelentes.
Um estudo com 200 pacientes já começou em um hospital de Jaú. A previsão é que essa nova tecnologia chegue aos hospitais a partir do primeiro semestre de 2022.
A principal vantagem é o conforto de fazer parte do tratamento em casa. Segundo os pesquisadores da USP, a nova técnica tem a mesma eficácia do que o método tradicional em que 95% das lesões são eliminadas. Mas tem uma diferença: o paciente sente menos dores.
O tratamento
O novo equipamento portátil tem uma bateria, um cabo e um dispositivo do tamanho de uma moeda, que emite a luz vermelha de led.
No tratamento no hospital, o paciente com câncer de pele tem a lesão raspada e depois precisa passar um creme. Um equipamento maior emite luz para eliminar o tumor e o paciente tem que esperar no hospital.
Com a nova técnica, é possível levar o aparelho menor. Em casa, é só acionar o led que, ao entrar em contato com o creme, a luz mata as células doentes.
No hospital, a aplicação da luz dura 20 minutos. Em casa, duas horas, mas a irradiação de luz é mais fraca, o que torna o tratamento menos dolorido.
‘Se eu faço ao longo de duas horas, consigo fazer sem que o paciente tenha sensação dolorosa. Com isso, temos mais adesão de pacientes e um sucesso muito grande no uso da terapia que tem muitas vantagens daquela que só é feita dentro do hospital’, disse Vanderlei Bagnato, responsável pelo desenvolvimento tecnológico no IFSC.
‘Se eu faço ao longo de duas horas, consigo fazer sem que o paciente tenha sensação dolorosa. Com isso, temos mais adesão de pacientes e um sucesso muito grande no uso da terapia que tem muitas vantagens daquela que só é feita dentro do hospital’, disse Vanderlei Bagnato, responsável pelo desenvolvimento tecnológico no IFSC.
A nova técnica brasileira foi apresentada em um congresso europeu e ganhou destaque em vários jornais britânicos.
De acordo com os pesquisadores, a eficácia foi comprovada contra o carcinoma basocelular, o câncer de pele mais comum.
Segundo a médica dermatologista Michelle Kiyomura, esse tipo de câncer é de baixa letalidade e na maioria dos casos é curado quando é feito o diagnóstico precoce.
‘O grande causador do carcinoma basocelular é a exposição solar crônica. São pacientes que, ao longo dos anos, têm muita exposição solar e lá na frente começam a ter aí o câncer de pele’, explicou a dermatologista.
Primeiros testes
Os primeiros testes com o aparelho portátil foram realizados em pacientes do Hospital Amaral Carvalho, em Jaú (SP).
‘O paciente que normalmente tem o câncer de pele é do grupo da faixa etária mais idosa. Paciente idoso é interessante o mínimo de permanência no hospital. Então, com a ideia de otimizar o tratamento da terapia fotodinâmica foi que surgiu de a gente desenvolver esse protótipo para o paciente fazer metade do tratamento na casa dele’, disse a médica Ana Gabriela Salvio, responsável pelo estudo no hospital.
Bagnato afirmou que a nova técnica traz vantagens para o paciente e para o hospital. ‘Se a gente começa o tratamento no hospital ele termina na sua residência, libera o espaço, é mais confortável para o paciente estar em um ambiente familiar e o pessoal do hospital pode ir agindo em outros pacientes com mais urgência que estão ali esperando’, disse o pesquisador.
A cabeleireira Cleuza Priori Lopes fez cirurgia pra retirar um câncer de pele e está sempre de olho em novas manchas. Ela gostou de saber da possibilidade de fazer o tratamento em casa.
‘Nós mulheres que estamos o tempo todo nessa questão de cuidar da beleza é muito assustador. Então pensar que você pode cuidar em casa, que é prático, isso é fantástico’, disse.
Fonte: G1.Globo