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Observatório de Oncologia faz levantamento sobre o Câncer de Cabeça e Pescoço

48% dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço foram diagnosticados tardiamente (estágios III e IV) no Brasil, aponta levantamento do Observatório de Oncologia

Em alusão ao Julho Verde, o Observatório de Oncologia levantou dados relacionados ao câncer de cabeça e pescoço no país. A análise tem por referência informações da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC); Sistema de Informações sobre Mortalidade do DATASUS e os Registros Hospitalares de Câncer pelo INCA, entre 2014 e 2018.

Situação Epidemiológica

É importante esclarecer que câncer de câncer de cabeça e pescoço é um nome genérico para os tumores que podem se formar pela: Cavidade oral (C00-06); Glândulas Salivares (C07-08); Faringe (C09-13); Seios Paranasais e Cavidade Nasal (C30-31); Laringe (C32). Pela classificação do INCA, também estão incluídos mais dois sítios: tireóide (C73) e esôfago (C15).

A neoplasia está entre o 6º tipo de câncer mais incidente no mundo, estando atrás dos cânceres de mama, pulmão, colorretal, próstata e estômago. Além disso, em 2020, foram estimados 931.931 novos casos da doença e 467.125 óbitos por todo o mundo.

Incidência de câncer de cabeça e pescoço por sítio. Fonte: IARC

No Brasil, o cenário para o câncer de cabeça e pescoço também é preocupante. São registrados cerca de 41 mil novos casos por ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer. No entanto, o diagnóstico e o tratamento tardio ainda estão entre os principais entraves para o enfrentamento da neoplasia que, apenas em 2019, acometeu mais de 13 mil brasileiros.

Relações entre óbitos por câncer de cabeça e pescoço de acordo com cada sítio. Fonte: SIM

Diagnóstico tardio

Dados dos estabelecimentos de saúde que compõem os Registros Hospitalares de Câncer do INCA, entre 2014 e 2018, mostram que 48% dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço foram diagnosticados tardiamente (estágios III e IV). Isso significa que o tumor alcançou órgãos vizinhos ou distantes do local inicial. As chances de cura passam a ser reduzidas e o tratamento ainda mais complexo.

Gráfico em barra única horizontal com dados do estadiamento e o diagnóstico. Fonte: INCA

Diferente do Câncer de lábio (16,2%), o sítio que apresentou o maior percentual de pacientes diagnosticados nos estágios III e IV foi o câncer de hipofaringe (71,2%). Segundo o Dr. Rodrigo Neri, oncologista da Rede D’Or Brasília, essa neoplasia costuma ter o diagnóstico em fase avançada em vista da demora na apresentação dos sintomas no local. Mas quando um paciente sabe que a dor de evolução longa na região da garganta requer avaliação médica, isso poderá aumentar a chance de diagnóstico numa situação mais favorável.

Relação dos tipos de câncer diagnosticados tardiamente. Fonte: INCA

Atraso no recebimento do Diagnóstico

No entanto, ainda há uma negligência dos sinais e sintomas do câncer de cabeça e pescoço pela população. E o acesso a serviços de saúde pelos pacientes do SUS configura mais uma barreira para que o câncer seja detectado precocemente.

Segundo os registros, apenas 27,8% dos pacientes receberam o diagnóstico em até 30 dias após consulta com médico especialista. Enquanto que 13,0% dos pacientes receberam o diagnóstico com mais de 30 dias e 59,2% dos pacientes não possuem informação sobre tempo entre consulta com o especialista e recebimento do diagnóstico.

Gráfico em colunas sobre o tempo no recebimento do diagnóstico e a direta relação do tipo de câncer de cabeça e pescoço e o tempo no recebimento do diagnóstico. Fonte: INCA

Destaca-se que os dados apresentados são referentes aos anos de 2014 a 2018. Sendo assim, um cenário que possivelmente contribuiu para urgência na instituição da Lei n.º 13.896/2019 que garante o acesso ao diagnóstico de neoplasias malignas no prazo de 30 dias. Contudo, a Lei 12.732  vigora desde 2012 e o que se observou foi o não cumprimento do prazo de 60 dias para início do tratamento dos pacientes oncológicos.

Tratamento tardio

Os Registros Hospitalares de câncer mostram que 42,3% dos pacientes iniciam o tratamento oncológico mais de 60 dias após o recebimento do diagnóstico. 46,7% refere-se aos pacientes diagnosticados com câncer de cavidade oral que iniciam o tratamento após 60 dias do recebimento do diagnóstico. Enquanto 26,2% são dos pacientes diagnosticados com câncer de lábio que iniciam o tratamento em até 30 dias após confirmação diagnóstica.

Gráfico em colunas sobre o tratamento tardio e a direita a relação do tipo de câncer de cabeça e pescoço e o tempo de início do tratamento. Fonte: INCA

O Dr. Rodrigo Nery esclarece que a não identificação precoce é a principal barreira no tratamento do paciente com câncer de cabeça e pescoço, na qual revela a necessidade na procura de profissionais que possam dar o diagnóstico por meio da biópsia e oferecer o tratamento na doença inicial, quando há maior chance de cura.

 

Fonte: Comunicação Movimento TJCC

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