No dia 23 de abril de 2024, uma importante vitória foi alcançada para a pesquisa…
Observatório de Oncologia faz levantamento sobre o Câncer de Cabeça e Pescoço
48% dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço foram diagnosticados tardiamente (estágios III e IV) no Brasil, aponta levantamento do Observatório de Oncologia
Em alusão ao Julho Verde, o Observatório de Oncologia levantou dados relacionados ao câncer de cabeça e pescoço no país. A análise tem por referência informações da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC); Sistema de Informações sobre Mortalidade do DATASUS e os Registros Hospitalares de Câncer pelo INCA, entre 2014 e 2018.
Situação Epidemiológica
É importante esclarecer que câncer de câncer de cabeça e pescoço é um nome genérico para os tumores que podem se formar pela: Cavidade oral (C00-06); Glândulas Salivares (C07-08); Faringe (C09-13); Seios Paranasais e Cavidade Nasal (C30-31); Laringe (C32). Pela classificação do INCA, também estão incluídos mais dois sítios: tireóide (C73) e esôfago (C15).
A neoplasia está entre o 6º tipo de câncer mais incidente no mundo, estando atrás dos cânceres de mama, pulmão, colorretal, próstata e estômago. Além disso, em 2020, foram estimados 931.931 novos casos da doença e 467.125 óbitos por todo o mundo.
No Brasil, o cenário para o câncer de cabeça e pescoço também é preocupante. São registrados cerca de 41 mil novos casos por ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer. No entanto, o diagnóstico e o tratamento tardio ainda estão entre os principais entraves para o enfrentamento da neoplasia que, apenas em 2019, acometeu mais de 13 mil brasileiros.
Diagnóstico tardio
Dados dos estabelecimentos de saúde que compõem os Registros Hospitalares de Câncer do INCA, entre 2014 e 2018, mostram que 48% dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço foram diagnosticados tardiamente (estágios III e IV). Isso significa que o tumor alcançou órgãos vizinhos ou distantes do local inicial. As chances de cura passam a ser reduzidas e o tratamento ainda mais complexo.
Diferente do Câncer de lábio (16,2%), o sítio que apresentou o maior percentual de pacientes diagnosticados nos estágios III e IV foi o câncer de hipofaringe (71,2%). Segundo o Dr. Rodrigo Neri, oncologista da Rede D’Or Brasília, essa neoplasia costuma ter o diagnóstico em fase avançada em vista da demora na apresentação dos sintomas no local. Mas quando um paciente sabe que a dor de evolução longa na região da garganta requer avaliação médica, isso poderá aumentar a chance de diagnóstico numa situação mais favorável.
Atraso no recebimento do Diagnóstico
No entanto, ainda há uma negligência dos sinais e sintomas do câncer de cabeça e pescoço pela população. E o acesso a serviços de saúde pelos pacientes do SUS configura mais uma barreira para que o câncer seja detectado precocemente.
Segundo os registros, apenas 27,8% dos pacientes receberam o diagnóstico em até 30 dias após consulta com médico especialista. Enquanto que 13,0% dos pacientes receberam o diagnóstico com mais de 30 dias e 59,2% dos pacientes não possuem informação sobre tempo entre consulta com o especialista e recebimento do diagnóstico.
Destaca-se que os dados apresentados são referentes aos anos de 2014 a 2018. Sendo assim, um cenário que possivelmente contribuiu para urgência na instituição da Lei n.º 13.896/2019 que garante o acesso ao diagnóstico de neoplasias malignas no prazo de 30 dias. Contudo, a Lei 12.732 vigora desde 2012 e o que se observou foi o não cumprimento do prazo de 60 dias para início do tratamento dos pacientes oncológicos.
Tratamento tardio
Os Registros Hospitalares de câncer mostram que 42,3% dos pacientes iniciam o tratamento oncológico mais de 60 dias após o recebimento do diagnóstico. 46,7% refere-se aos pacientes diagnosticados com câncer de cavidade oral que iniciam o tratamento após 60 dias do recebimento do diagnóstico. Enquanto 26,2% são dos pacientes diagnosticados com câncer de lábio que iniciam o tratamento em até 30 dias após confirmação diagnóstica.
O Dr. Rodrigo Nery esclarece que a não identificação precoce é a principal barreira no tratamento do paciente com câncer de cabeça e pescoço, na qual revela a necessidade na procura de profissionais que possam dar o diagnóstico por meio da biópsia e oferecer o tratamento na doença inicial, quando há maior chance de cura.
Fonte: Comunicação Movimento TJCC