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Imagem De Uma Mulher Negra Com Um Lenço, Sentada E Olhando Para A Janela A Fora

O impacto do câncer em pacientes jovens

Um artigo publicado recentemente na revista Lancet Oncology avaliou o impacto e a incidência de câncer em pessoas jovens, dos 15 aos 39 anos.

São mais de 1,2 milhão de novos casos por ano nesta faixa etária, responsáveis por cerca de 400 mil óbitos anuais, em todo o mundo. Neste recorte da população, as neoplasias mais comuns são linfomas, leucemias, tumores do sistema nervoso central, além de atingirem mama, testículo, aparelho digestivo.

O estudo, realizado por um grupo multinacional de pesquisadores, mostrou que, apesar de os casos serem mais frequentes nos países desenvolvidos, a mortalidade é muito maior nas nações em desenvolvimento. Isso ocorre porque, provavelmente, faltam recursos para cuidar melhor dessa população.

Ao estimar a carga global de câncer em adolescentes e adultos jovens, os cientistas admitiram que este é um grupo frequentemente negligenciado. No Brasil, os últimos dados compilados em uma publicação do Instituto Nacional do Câncer datam de 2017. Segundo o INCA, o câncer representa a segunda causa de morte entre crianças, adolescentes e adultos jovens brasileiros. A faixa etária de 15 a 19 anos mostrou ser a que apresenta o maior risco. As principais causas de óbito por neoplasias até 29 anos são as leucemias, os tumores do sistema nervoso central e os linfomas, em ambos os sexos.

Uma análise dos dados abertos de Saúde, feita em 2019 pelo Observatório de Oncologia, já havia mostrado que, aqui no país, houve aumento de incidência e mortalidade na população mais jovem por alguns tipos de câncer que eram, anteriormente, relacionados ao avanço da idade.

Entre 1997 e 2016, na população com idade entre 20 e 49 anos, houve alta das taxas brutas de incidência dos cânceres de cólon e reto, próstata e glândula tireoide. Já a mortalidade apresentou crescimento entre essas neoplasias e pelos cânceres de cavidade oral, mama, colo e corpo do útero, sistema nervoso central e linfoma não-Hodgkin.

Adolescentes e adultos jovens podem desenvolver tumores encontrados e tratados comumente na população pediátrica. Este fato coloca como necessidade uma perspectiva diferenciada para os cuidados de saúde. Estes pacientes, em especial, podem ter dificuldades para encontrar a atenção necessária tanto para o tipo de câncer quanto para as necessidades de tratamento relacionadas à idade. ‘Além disso, pacientes adolescentes e adultos jovens muitas vezes enfrentam desafios sociais e financeiros, o que pode resultar em iniquidades no acesso a cuidados adequados, diagnóstico oportuno e tratamento’, alertam os pesquisadores.

Vale destacar que adolescentes e adultos jovens são um grupo diferenciado, com necessidades de cuidados clínicos especiais e análise de impacto social da doença. O estudo internacional reforça que o grupo representa uma população heterogênea, mas em transformação, que enfrenta mudanças físicas, emocionais e psicossociais, nas relações com a família e nas fases iniciais da carreira profissional.

Da mesma forma, a Ciência poderia focar nesta faixa etária, com programas de controle do câncer e desenvolvimento de ensaios clínicos. Historicamente, estes pacientes são frequentemente agrupados com adultos mais velhos nas pesquisas. Como consequência, há uma escassez de avaliações de padrões epidemiológicos. Esse fator também dificulta a obtenção de dados para o desenvolvimento de ações que tenham impacto no diagnóstico e tratamento destes pacientes, segundo seu perfil e suas necessidades.

Por isso, a análise destes dados é absolutamente relevante, para que as autoridades possam propor políticas públicas específicas para esta parte da população, com esforços globais e locais de controle do câncer.

 

Fonte: O Globo

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