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Câncer de colo do útero no SUS
Entenda como vem acontecendo diagnóstico e tratamento no sistema público de saúde do país
O Movimento Todos Juntos Contra o Câncer atualizou a base de dados dos Indicadores de Câncer de Colo do Útero. As informações, agora, são referentes aos anos de 2012 a 2019 e podem ser acessadas no site do Observatório de Oncologia – Acesse aqui – uma iniciativa do Movimento.
O câncer do colo do útero é um dos mais frequentes tumores na população feminina e a principal causa da doença é a infecção persistente pelo Papilomavírus Humano (HPV). A infecção genital por esse vírus é muito frequente e não causa doença na maioria das vezes. Entretanto, em alguns casos, ocorrem alterações celulares que podem evoluir para o câncer. Essas alterações são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolaou) e são curáveis na quase totalidade dos casos (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER – INCA, 2019).
O câncer de colo do útero é o terceiro mais comum entre as mulheres no Brasil (exceto pele não melanoma) com estimativa de 16.590 novos casos para cada ano do triênio 2020-2022, com um risco estimado de 15,43 casos a cada 100 mil mulheres, segundo a mais recente estimativa do INCA.
Os dados deste dashboard nos mostram alguns pontos importantes:
- Nos últimos oito anos, houve pouca alteração na incidência do câncer de colo do útero. A quantidade de centros de tratamento teve um tímido aumento no período de 2012 para 2019, passando de 298 para 318 centros no país. Porém, o número de óbitos vêm crescendo desde 2012.
- Desde 2016, houve aumento de pacientes de câncer de colo do útero em tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS), devido às pessoas que migraram dos planos de saúde para a saúde pública nos últimos anos.
- Entre os pacientes que realizaram quimioterapia no SUS, em 2019: 61% estavam em estadiamento inicial e 39% avançado.
- Necessidade de aumentar a cobertura dos exames de Papanicolau de 25 a 64 anos. Em 2019, apenas na faixa etária de 30 a 64 anos, ultrapassa o número de 4 mil pacientes com câncer de colo uterino em tratamento no SUS, conforme demonstra o terceiro gráfico.
Desigualdades regionais
Os dados comprovam as grandes diferenças regionais. O câncer do colo do útero é o segundo mais incidente nas Regiões Norte (21,20/100 mil), Nordeste (17,62/100 mil) e Centro-Oeste (15,92/100 mil). Já na Região Sul (17,48/100 mil), ocupa a quarta posição e, na Região Sudeste (12,01/100 mil), a quinta posição (INCA,2020). A estimativa global aponta que o câncer do colo do útero foi o quarto mais frequente em todo o mundo, com uma estimativa de 570 mil casos novos, representando 3,2% de todos os cânceres.
Apesar da maior incidência nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, elas concentram o menor número de centros especializados para o tratamento. O cenário fica bem visível se compararmos os estados que possuem menos centros de tratamento, com os que possuem mais. Veja na tabela abaixo a disparidade:
Menos centros de tratamento/estado | Mais centros de tratamento/estado |
1 – Acre, Amapá e Roraima | 73 – São Paulo |
2 – Tocantins e Sergipe | 36 – Minas Gerais |
3 – Piauí e Distrito Federal | 30 – Rio Grande do Sul |
4 – Rondônia, Amazonas e Pará | 24 – Paraná |
Controle e redução do câncer de colo uterino
Sabe-se que as taxas de incidência e diagnóstico podem variar conforme a implementação e o acesso a programas de prevenção e controle efetivos do câncer de colo uterino. Além disso, as taxas podem ser impactadas por mudanças no comportamento da população. De acordo com dados do INCA (2019), fatores que aumentam o risco de desenvolver esse tipo de câncer são:
- Início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros.
- Tabagismo (a doença está diretamente relacionada à quantidade de cigarros fumados).
- Uso prolongado de pílulas anticoncepcionais.
O controle do câncer de colo de útero compõe o Plano de Ações Estratégicas no Enfrentamento das Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT), do Ministério da Saúde. Em 2016, foram lançadas as Diretrizes de Rastreamento do Câncer de Colo de Útero, que incluem a realização de citologia oncótica (Papanicolau) em mulheres assintomáticas na faixa etária de 25 a 64 anos, a cada 3 anos, desde que tenham dois exames realizados anualmente com resultados normais. Em casos de lesão de baixo grau detectada, deve-se realizar um novo exame no intervalo de seis meses. É muito importante ressaltar que o câncer de colo de útero é altamente preventivo. E, quando as alterações (lesões) que antecedem o câncer são identificadas e tratadas, a porcentagem de prevenção da doença é alta.
Desde 2014, a vacina tetravalente contra o HPV (tipos 6, 11, 16 e 18) faz parte do Calendário Oficial de Vacinação do Ministério da Saúde, para meninas na faixa etária de 9 a 13 anos. A partir de 2017, os meninos de 11 a 13 anos também passaram a fazer parte. A vacinação das crianças, em idade antes do início da atividade sexual, é uma excelente forma de evitar o contágio pelo HPV (vírus sexualmente transmissível) e com potencial de erradicar o câncer de colo de útero no futuro.
Para melhoria deste cenário no Brasil, são necessárias políticas públicas baseadas em evidências e que incluam no seu desenvolvimento programas de detecção e rastreamento de câncer na população.
A importância da análise de dados
A criação dos indicadores foi idealizada pelo Grupo de Trabalho de Saúde da Mulher – composto pelas organizações Américas Amigas, Instituto Avon e Pense Pink – e realizado pela Moka Info. A iniciativa visa monitorar a implementação da Política Nacional para Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC). E, com os dados, dar suporte aos líderes da Saúde na construção de planejamento estratégico e políticas públicas baseadas em evidências, para melhoria da atenção às mulheres com câncer no Brasil.
O Movimento TJCC acredita que o câncer também se combate com informação. Conheça os Indicadores de Câncer de Colo do Útero e os Indicadores de Câncer de Mama no Brasil e junte-se a nós nesta luta.