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Quem tem peito, tem direito – Lançamento do Panorama do Câncer de Mama

Organizador: Instituto Avon

Plataforma desenvolvida pela parceria entre o Observatório de Oncologia e o Instituto Avon é uma ferramenta que poderá ser utilizada pelos gestores municipais para entender quais são os gargalos que estão acontecendo na jornada das pacientes de câncer de mama e desenvolver projetos de melhoria. 

A Coordenadora do Departamento de Pesquisa da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), movimento TJCC e do Observatório de Oncologia, Nina Melo, apresentou o Panorama do Câncer de Mama no Brasil durante o segundo dia de evento do 9º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer.

De acordo com os dados do Panorama, mulheres negras, de baixa renda e com dificuldade de acesso à atenção básica, apresentam tumores com estadiamento mais avançado no momento do diagnóstico. 

Nina apresentou que 63% das mamografias realizadas no Sistema Único de Saúde (SUS) entre 2015 e 2021 foram em mulheres de 50 a 69 anos, 37% delas eram brancas e 32% fizeram o exame fora do seu município de residência.

Apesar da Lei dos 30 dias, que determina que o diagnóstico no SUS deve ser dado dentro desse prazo, em 33% dos casos as mulheres levaram mais que esse tempo para identificar a doença. Em Sergipe, o tempo médio foi de 94 dias, no Amazonas foi de 80 dias e em Roraima, de 64.

Nina ainda salientou que entre os anos de 2020 e 2021, houve um aumento no número de cânceres de mama diagnosticados em estágios III e IV, sendo que os tumores mais avançados foram encontrados, na maioria dos casos, em mulheres pretas e pardas.

“Além da demora para o diagnóstico e dos cânceres de mama serem diagnosticados em estadiamento mais avançado, há ainda uma espera muito grande para o início do tratamento”, ela alertou.

Segundo a Lei, esse tempo deve ser, no máximo, de 60 dias, entretanto o Panorama apontou que a média no Brasil é de 174 dias, “ou seja, mais que o dobro”, Nina comentou.

Novamente, Sergipe é o estado com maior demora, levando 273 dias, em média, para início do tratamento. Seguido por Rondônia, com 254 dias e Mato Grosso, com 233.

“Tudo isso tem um impacto muito grande nas chances de cura desse paciente”, falou a coordenadora. 

Renata Rodovalho, que esteve à frente da causa do Câncer de Mama no Instituto Avon e, atualmente, é responsável pela gestão estratégica de parcerias do Instituto, detalhou mais sobre a plataforma desenvolvida e como ela pode ser aproveitada pelos gestores.

“Os dados da edição do Panorama do Câncer de mama de 2020 já foram disponibilizados no site do Observatório de Oncologia. Mas, a gente acredita que para que essas informações sejam sejam democratizadas e que os gestores e tomadores de decisão utilizem esses dados, era preciso criar uma ferramenta de fácil acesso.”

Renata ainda colocou o Instituto Avon à disposição dos gestores municipais que quiserem conhecer as análises disponibilizadas na Plataforma e desenvolver estratégias de melhoria a partir desses dados.

Ela exemplificou que, com essas informações, é possível entender quem são essas mulheres que estão demorando para chegar ao diagnóstico e pensar em formas de solucionar isso.

O Dr. Carlos Alberto Ruiz, mastologista Centro de Oncologia Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Diretor do Departamento de Ações Sociais e Direito da Mulher da SBM e Presidente de Honra da UNACCAM, reforçou sobre a importância e a diferença que uma ferramenta como essa pode trazer no planejamento de estratégia.

“Essa ferramenta traz para o gestor uma condição importante de julgamento, de escolha estratégica, faz com que ele consiga enxergar as grandes desigualdades. Porque eu demoro mais? Menos? Onde estão os gargalos? A gente precisa desenvolver estratégias que possam esclarecer mais precocemente essas questões.”

Luciana Holtz, destacou que é fundamental ter uma melhora no processo como um todo. “A biópsia é um gargalo muito grave, tem uma dificuldade gigantesca para agendar e para pegar o resultado. O que adianta fazer a biópsia em 30 dias e o resultado em 90?”

O Dr. Ruiz ainda complementou falando do papel do paciente em melhorar o diagnóstico precoce. No caso do câncer de mama, um importante gargalo é que as mulheres buscam a mamografia com menos frequência que o indicado. 

“Por que a mulher não busca atenção? Primeiramente, por conta da falta de acesso à mamografia; em segundo, se a mamografia der alterada, quem vai fazer a biópsia? Se a biópsia der alterada, quem vai tratar? E, em terceiro, por medo, já que o câncer está associado à morte, ao sofrimento, mas, hoje, a história é  outra.”

“Tem o papel do gestor, do médico, do sus, das empresas, dos planos, mas tem o nosso papel”, Mariana Ferrão, jornalista, co-apresentadora do programa Bem-Estar, fundadora da Soul.Me e Professora da Pós-Graduação da PUC, comentou. 

Mariana, que foi a moderadora do painel “Quem tem peito, tem direito”, ainda ressaltou que “enquanto a gente não se der conta que os recursos da saúde são finitos e que nós temos a responsabilidade de fazer da nossa parte, que é fazer o exame, pegar o resultado e levar no médico.”

A plataforma poderá ser acessada a partir da semana que vem no site

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