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Especialistas respondem perguntas de internautas sobre melanoma

Em janeiro de 2019, tive um melanoma diagnosticado. Foi logo removido e a biópsia confirmou ser “in situ”, sem metástase, felizmente. Tenho feito dermatoscopia a cada seis meses e tomado os cuidados usualmente recomendados, protetor solar e boné. Algo mais? O risco de recidiva é maior, menor ou independente do uso?

Carlos A. Idoeta, 70, administrador (São Paulo, SP)

Resposta: Proteção mecânica através de roupas, com mangas e calça longa, e proteção contra os raios UV embutida nos tecidos são interessantes para os pacientes que já tiveram câncer de pele ou que têm uma grande predisposição. Evite também sair no sol entre 10h e 16h e, mesmo na sombra, use filtro para evitar o reflexo da luz solar.

Mara Giavina-Bianchi, doutora em dermatologia e pesquisadora do Hospital Albert Einstein

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Os preços de protetores solares são irreais para a maioria dos brasileiros, o que só contribui para que as pessoas não os incluam nos cuidados diários. Enquanto as sociedades de dermatologia e oncologia não fizerem pressão pela queda dos preços, não haverá mudanças na qualidade de prevenção.

Angelita Ramos, 46, bióloga (São Paulo, SP)

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Recebi um diagnóstico de melanoma breslow 0,75, e constatei muita dúvida dos oncologistas: tirar ou não o linfonodo sentinela com um breslow abaixo de 1?

Paula Ferreira Boff, 39, gerente de seguridade (Florianópolis, SC)

Resposta: O número do Breslow é um orientador importante, mas pode haver nuances. Se você não está confortável, ouça a opinião de outro médico.

Rafael Schmerling, oncologista da Beneficência Portuguesa

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É importante a divulgação de informações sobre melanoma. O tempo é fundamental para as devidas providências e a população deve saber que se o tumor é suspeito de ser melanoma, a providência ideal é a sua retirada cirúrgica, com margens de segurança.

Dr. Gildo Simões, fundador da Sociedade Brasileira de Dermatologia Regional Sergipe

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Minha mãe tem uma mancha, a dermatologista já falou que ela não precisa se preocupar, mas continua crescendo. É melhor procurar o médico novamente?

Mayra Moura Pita, 29, professora (Sertãozinho, SP)

Resposta: Minha recomendação é que você faça seu check-up anual. Mesmo que a lesão tenha sido diagnosticada como benigna, ela pode se modificar e acabar virando câncer de pele.

Mara Giavina-Bianchi

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Como tomar sol para benefício da vitamina D?

Claudia Coan Sotovia Kfoury, arquitera (São Paulo, SP)

Resposta: A questão é polêmica até mesmo entre os médicos. Como dermatologistas, geralmente preferimos a reposição oral da vitamina D, especialmente se o paciente tiver histórico de câncer de pele. Se você não tem histórico, o melhor modo é expor as áreas que não são cronicamente expostas ao sol, como braços, rosto, pernas. O ideal é que expusesse as áreas que nunca ou raramente se expõem ao sol, como barriga, coxas e dorso inferior.

Mara Giavina-Bianchi

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Deficiências alimentares importantes do paciente podem contribuir para maior incidência de câncer de pele, inclusive o melanoma?

Eugênio Marques Leitão, 51, engenheiro (Rio de Janeiro, RJ)

Resposta: Os tumores da pele têm relação direta com a exposição a radiação ultravioleta. Estudos avaliando deficiências alimentares neste contexto são controversos.

Andréia Melo, chefe da divisão de pesquisa clínica do Inca

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Excelente iniciativa da Folha. Debates e colocações de nível elevado e conhecimento aprofundado.

Gilvana Meirelles, 53, servidora pública aposentada (Vitória, ES)

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Recentemente a CONITEC decidiu pela recomendação da imunoterapia apenas para melanoma metastático. No entanto, parte expressiva dos pacientes não respondem ou não são elegíveis a esta classe. Como médicos e grupos de pacientes podem lutar para que este nicho de pacientes também seja atendido pelas terapias alvo no SUS? Há algo que pode ser feito quando a DDT do ministério da saúde for lançada? Como o paciente de melanoma pode se empoderar para garantir que medicamentos recomendados pela CONITEC cheguem de fato no paciente? Há toda uma discussão de DDT e de APAC para que essas terapias sejam garantidas. Como o paciente pode entender e interagir com esse sistema?

Marcos André, 34, advogado (Brasília, DF)

Como organização da sociedade civil podemos e devemos trabalhar para que os pacientes com melanoma tenham acesso ao tratamento adequado ao seu caso. Participar das consultas públicas quando estas estão abertas, realizar campanhas de conscientização tanto sobre a doença em si quanto sobre a realidade dos pacientes que com ela convivem e seus direitos é o caminho para que possamos ter um melhor atendimento para estes pacientes.

Flavia Maoli, presidente do Projeto Camaleão

 

Fonte: Folha de S. Paulo 

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