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Novembro Azul: próstata em alerta!

Segundo tipo de câncer mais comum entre os homens, no Brasil, é prevenível e tem diferentes opções de tratamento

Por Tatiane Mota

Falar sobre a saúde do homem é assunto de extrema relevância, ainda mais porque para este público o tema parece não ter a importância devida. De acordo com o Ministério da Saúde, no ano de 2014, do total de pessoas entre 20 e 59 anos que morreram no país, 68% eram do sexo masculino e dentre as causas estão as doenças do aparelho circulatório e os tumores. 

Novembro Azul é o mês de conscientização para diferentes questões envolvendo a saúde masculina, especialmente o câncer de próstata, segundo tipo mais incidente nesta população, no Brasil, com cerca de 71.730 novos casos por ano no triênio 2023-2025 e, atualmente, a segunda causa de óbitos entre os homens, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer. 

O que é câncer de próstata

Ele acontece quando as células da próstata, uma glândula que faz parte do sistema reprodutor masculino, se multiplicam de maneira anormal. 

Porém, é importante salientar que este é um tumor totalmente prevenível. É o que diz o Dr. Fernando Maluf, médico oncologista na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, no Hospital Israelita Albert Einstein e fundador do Instituto Vencer o Câncer. 

“Os principais fatores de risco para o câncer de próstata são obesidade, dietas ricas em gordura, embutidos e enlatados, sedentarismo, a própria idade (a partir dos 60 anos), o histórico familiar e as síndromes genéticas como BRCA1 e BRCA2, e outras síndromes como ATM e o PALB, que também são associadas a esta neoplasia. Então, em termos de prevenção primária, já é sabido que algumas dietas ricas em frutas, vegetais e legumes, assim como exercício físico, controle do peso, podem proteger um homem saudável de ter a doença. Portanto essas são medidas valiosas, que protegem, inclusive, de vários tipos de câncer”, afirmou o especialista. 

Por falar em hábitos de vida, o Observatório de Oncologia, ferramenta de pesquisa de dados abertos do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, constatou que o câncer de próstata vem aumentando entre os mais jovens, com menos de 40 anos. 

De fato, os casos de câncer de próstata em pessoas jovens vêm aumentando, mas não de modo a mudar a recomendação do screening através do toque retal e PSA a partir dos 50 anos. Os únicos grupos de risco que devem ser feitos rastreamentos antes disso, a partir dos 45 anos, são pessoas com forte histórico de câncer de próstata, pessoas com BRCA1 e BRCA2 bem definidos ou algumas populações afro-americanas”, alertou o Dr. Maluf.

Toque retal e PSA

São inúmeros os preconceitos que envolvem os exames preventivos do câncer de próstata, e muito por conta do “exame de toque”. Mas é urgente que este pensamento – e atitude – mudem. 

Chamado de toque retal, este é um exame físico bastante rápido, com duração de alguns segundos, e muito importante para perceber se há alterações na próstata, que podem ou não ser um câncer. Já o PSA, mais aceito entre os homens, é um teste feito a partir da coleta de amostra de sangue, que também objetiva rastrear um possível tumor na próstata. 

Estes exames se complementam na tentativa de encontrar o tumor, ou seja, um não substitui o outro, mas eles aumentam a chance de detecção. Porém, lembro aqui que nenhum dos dois faz diagnóstico. Eles levantam uma suspeita. Depois são envolvidos outros exames, como a ressonância e a biópsia da próstata, e estes sim são conclusivos no diagnóstico”. 

Sintomas do câncer de próstata

Eles podem ser muito parecidos com os da hiperplasia benigna de próstata:

  • Jatos urinários fracos
  • Urinar várias vezes durante o dia e a noite

Mais raramente:

  • Desconforto pélvico
  • Sangue na urina

“Se a doença avança para outras partes do corpo (metastática), como os gânglios da pelve, o homem pode ter edema nos membros inferiores. Se avança para os ossos, pode ter dor óssea, fraturas, compressão de medula espinhal ou de raízes nervosas. E se a doença vai para o pulmão, o homem pode ter falta de ar”, explicou o Dr. Maluf. 

Como é feito o tratamento do câncer de próstata

Quando o tumor é localizado e bem pequenininho, em 30% dos casos não será necessário tratar de imediato e sim apenas fazer os chamados protocolos de vigilância ativa, ou seja, acompanhar o paciente de perto. 

“Nos outros 70% dos casos que precisam de tratamento e quando a doença ainda é localizada ou localmente avançada, as opções são a cirurgia ou radioterapia. Ambas as modalidades evoluíram muito. A cirurgia robótica, que ainda não se sabe se é melhor ou não que a cirurgia convencional em termos de cura ou incontinência e impotência, claramente faz o homem voltar às suas atividades do dia a dia mais rapidamente, e a radioterapia, que é uma alternativa à cirurgia, também melhorou muito com máquinas mais avançadas e que conseguiram oferecer para a região do tumor doses maiores de radiação e mais letais às células cancerígenas, e ao mesmo tempo preservando os tecidos adjacentes, como bexiga e reto. Em alguns casos é preciso associar tratamento anti-hormonais, para aumentar ainda a eficácia da radioterapia”, falou o oncologista. 

Quando a doença já é metastática, será necessário um tratamento sistêmico, com a supressão da testosterona e novos agentes hormonais. 

“Tem também os radiofármacos, drogas que atacam o tumor grudando doses letais de radiação às células doentes. Existem quimioterápicos e temos uma população específica de pacientes que apresentam uma deficiência desses tumores de reparar o seu DNA e, nestes casos, há drogas que são os inibidores de PARP. Hoje temos um grande avanço em termos de medicações, na doença avançada. Mas claro, é muito importante que possamos diagnosticar o tumor logo no início, porque as chances de cura são elevadíssimas com cirurgia e radioterapia”, finaliza o Dr. Fernando Maluf.

No Sistema Único de Saúde (SUS), as opções aprovadas são somente a supressão da testosterona e quimioterápicos, nos casos avançados. O Movimento TJCC continua trabalhando, ativamente, para mudar esta realidade no país. 

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