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Imagem De Um Tumor Maligno Da Pele

Novas terapias contra o melanoma

Quando o volume das metástases é relativamente baixo, é possivel curar aproximadamente 50% dos casos com imunoterapia

Por Antonio Carlos Buzaid, oncologista clínico | Conselheiro Estratégico do Movimento TJCC

Há vários tipos de câncer de pele. Os mais comuns são o carcinoma basocelular e o carcinoma de células escamosas. O melanoma é o terceiro tipo mais comum. Ao contrário dos tipos mais incidentes de câncer de pele, o melanoma é o mais temido pois tem o potencial de poder se espalhar para orgãos internos do paciente, podendo levar a sua morte. À semelhança de outros tipos de canceres de pele, o sol é o grande fator causal. Assim, todos devem realizar fotoproteção adequada a fim de reduzir todos os tipos de câncer de pele, inclusive melanoma.

O melanoma se origina nos melanócitos, as células que produzem o pigmento melanina da pele. Raramente, o melanoma pode se originar em outras partes do corpo como retina, ânus e seios da face, lugares em que também existem melanócitos.

Os melanócitos na pele se localizam na parte mais profunda da epiderme. O melanoma nas suas fases iniciais fica confinado a epiderme. Neste fase, é chamado de melanoma in situ, isto é no sítio aonde nasceu. A cura do melanoma in situ é de 100%. Se nada for feito nesta fase, a células de melanoma penetram na derme, que fica logo abaixo da epiderme. O melanoma é agora chamado de melanoma invasivo. Na derme temos vasos linfáticos e sangüineos. As células do melanoma tem o potencial de entrar nos canais linfáticos como como nos vasos sanguíneos e, desta maneira, se alojar em orgãos internos do paciente (metástases).

O risco de um melanoma de pele produzir metástase em algum orgão do corpo depende do quão profundo ele penetra na pele, isto é, a sua profundidade. Quando um melanoma de pele é retirado, o médico patologista analiza a biópsia ao microscópio e reporta a profundidade deste grau de invasão. A profundidade da invasão é medida em milimetros da parte mais alta da epiderme até a célula de melanoma mais profunda observada na biópsia. Este nível de invasão recebe o nome de profundidade de Breslow, nome do patologista que descreveu a associação entre a profundidade de invasão e o risco de recorrência. Por exemplo, um melanoma com um Breslow de 1 mm tem um risco de metástase da ordem de 10% enquanto um melanoma com um Breslow de 4 mm tem um risco de metástase da ordem de 40%.

Se o melanoma produzir metástase em um ou mais linfonodos (gânglios) próximo da pele aonde se originou, o risco das células de melanoma terem se espalhado pelo corpo claramente aumenta. Hoje, pacientes com melanomas profundos (Breslow > 2mm de profundidade) ou com metástases em um ou mais linfonodos regionais são candidatos a tratamentos com imunoterapia preventiva (a chamada de terapia adjuvante). Caso as células de melanoma tenham uma mutação especial no gene BRAF, o paciente podem também ser candidato a terapia adjuvante com medicamentos anti-BRAF, a chamada de terapia alvo.

O melanoma quando atinge orgão internos de um paciente é chamado de melanoma metastático. Os orgãos mais comumentes afetados incluem os linfonodos, pele, pulmões, fígado e cérebro. Com o advento da imunoterapia moderna, hoje sempre tentamos curar pacientes com melanoma metastático. Quando o volume das metástases é relativamente baixo é possivel curar aproximadamente 50% dos casos com imunoterapia. Até pacientes com baixo volume de metástases no cerebro podem hoje ser curados. Os medicamentos imunoterápicos mais usados hoje são os inibidores de checkpoint. Eles retiram os freios do sistem imune. Assim, as células do sistema imune ficam mas ativas e tentam então destruir as células de melanoma. Os efeitos colaterais mais comuns desta modalidade de tratamento são os fenômenos auto-imunes. Isto é, o sistema imune do paciente fica excessivamente ativado e ataca orgãos saudáveis do corpo.

Por exemplo, quando ataca a pele produz uma alergia, quando ataca o intestino resulta em diarréia, quando ataca a tireóide enfraquece sua função. Em princípio, qualquer orgão pode ser alvo de um ataque do sistema imune.  Outro importante avanço no tratamento do melanoma é a terapia alvo. Em aproximadamente 50% dos casos de melanoma, as células de melanoma tem um mutação no gene BRAF que funciona como um motor da célula cancerosa.

O bloqueio desta via resulta na morte da célula. Em suma, o tratamento do melanoma está claramente melhorando mas devemos sempre lembrar da prevenção como a estratégia mais importante. Temos que sempre nos proteger do sol!

 

Fonte: Veja 

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