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Mãos Segurando A Palavra Esperança

Câncer de ovário: um diagnóstico desafiador

75% das mulheres, no Brasil, descobrem a doença tardiamente

Por Tatiane Mota

Maio é o mês da conscientização sobre o câncer de ovário, segunda neoplasia ginecológica mais comum no Brasil e, que no ano de 2020, acometeu 6.650 mulheres, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Hoje, o diagnóstico precoce é um dos principais desafios, já que 75% das mulheres no país descobrem a doença em estadiamentos avançados (3 e 4).

Mas, como acontece este tipo de câncer?

Ainda não se sabe exatamente o porquê o câncer de ovário se desenvolve, mas de acordo com a Dra. Juliana Pimenta, oncologista clínica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer, há fatores de risco que podem aumentar as chances desta neoplasia maligna acontecer.

“A maioria dos cânceres de ovário surgem das células que revestem os ovários. A depender do tipo da célula, surgem os subtipos da doença. O mais comum é o que atinge as células epiteliais, que revestem o ovário. Este tipo atinge, na maior parte dos casos, mulheres mais velhas. As células germinativas, que produzem os óvulos, também podem tornar-se cancerígenas e, embora mais raro, este subtipo atinge, geralmente, mulheres mais jovens. A idade é um fator de risco, ou seja, quanto mais velha a mulher, maior o risco de desenvolver um câncer de ovário. Além de obesidade e fatores genéticos”, explica a médica.

Hoje, todas as mulheres com diagnóstico de câncer de ovário têm indicação a fazer uma avaliação com equipe oncogenética, pelo risco aumentado de síndrome hereditária, que facilita o aparecimento de tumores malignos.

Diagnóstico como principal desafio

Como vimos, o câncer de ovário tem como um de seus principais desafios a descoberta da doença logo no início. Isso porque, muitas vezes, os sintomas são silenciosos. Mas a prevenção pode ser um caminho importante.

Estudo do Observatório de Oncologia, que utilizou base dados secundários disponibilizados pelo Departamento de Informática do SUS (DATASUS) e por estabelecimentos de saúde que compõem o Registro Hospitalar de Câncer (RHC) do Instituto Nacional de Câncer (INCA), de mulheres diagnosticadas com câncer de ovário atendidas no Sistema único de Saúde (SUS), entre 2014 e 2019, revelou a gravidade do cenário da doença no Brasil.

Uma parcela considerável dos casos confirmados (37,3%) não possui registros sobre o estadiamento da doença no momento do diagnóstico no RHC. Entre os casos com esta informação preenchida, 68% foram diagnosticadas tardiamente.

“Não existem métodos para um diagnóstico precoce em câncer de ovário, como existe em câncer de mama, com a mamografia, ou em câncer de colo de útero, com o Papanicolau. Mas medidas como dieta saudável e atividade física para manter um peso adequado são boas formas de reduzir o risco. Além disso, a avaliação médica de rotina e atenção para a história familiar de câncer também são importantes”, fala a especialista.

Alguns estudos apontam também para o uso do anticoncepcional, como maneira de prevenir o surgimento da doença. Mas a Dra. Juliana faz um alerta.

“O uso de anticoncepcional parece ser protetor do desenvolvimento do câncer de ovário, mas aumenta discretamente o risco de desenvolvimento de câncer de mama. Por isso, é importante sempre ter um acompanhamento médico”.

Um câncer agressivo

O câncer de ovário mais comum é o adenocarcinoma seroso de alto grau, que é típico de mulheres mais velhas. Este tipo costuma ser mais agressivo. E como o diagnóstico acontece, geralmente, em estadiamentos avançados, também é possível acontecer a metástase, para outros órgãos, como o útero, por exemplo.

Por isso, ficar atenta aos sintomas pode ser um importante diferencial.

“Dentre os principais sinais da doença estão dor abdominal, aumento do volume abdominal, inapetência e perda de peso e todos necessitam de uma avaliação médica. O diagnóstico, inclusive, é feito a partir destes sintomas e menos frequentemente por achados de exames”, ressalta a Dra. Juliana.

Tratar é possível

Hoje, mulheres diagnosticadas com câncer de ovário têm como opções de tratamento cirurgia, quimioterapia e terapia alvo, como por exemplo os inibidores da PARP.

“É importante salientar que, infelizmente, as pacientes ainda enfrentam barreiras de acesso para os melhores tratamentos, seja no sistema público de saúde, e até mesmo no privado. Os estudos clínicos também precisam ser melhor disseminados, pois eles são opções muito importantes na busca pelos melhores resultados. Participar de uma pesquisa clínica não torna o indivíduo uma cobaia, mas sim traz a possibilidade para que novos medicamentos passem a ser aprovadas e utilizados, com eficácia comprovada”, salienta a médica.

Fertilidade preservada

Os ovários têm como função produzir gametas, que são células reprodutivas ou também óvulos, e diversos hormônios sexuais. Quando uma mulher mais jovem é diagnosticada com um câncer neste órgão, é possível que haja dúvidas sobre a fertilidade e a possibilidade de engravidar.

“A depender do estadiamento e do subtipo histológico, às vezes é possível realizar uma cirurgia de preservação de fertilidade, na qual apena o ovário acometido é retirado. Dessa forma, é possível, sim, uma gestação futura”, finaliza a Dra. Juliana.

 

Fonte: Comunicação TJCC

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