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Pesquisa da Fiocruz mostra que nos dois últimos meses dobrou o número de mortes por câncer em casa no Rio

Uma pesquisa da Fiocruz mostra que dobrou o número de mortes de pacientes com câncer em casa, sem tratamento, no período entre abril e maio de 2020, em comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com o levantamento, neste período foram 280 pacientes mortos em casa no Rio.

Reginete Fonseca descobriu um câncer grave no início de junho. A família ainda não conseguiu uma vaga pela central de regulação para começar o tratamento. “Ligavam, mandavam eu ir, eu ia (ao hospital), emagrecendo, e começando a desmaiar no meio da rua e nada se resolvia. No Dia das Mães fui parar no pronto-socorro com graves dores”, contou a paciente que ainda não conseguiu tratamento.

Desde outubro de 2019 Janaína Silva está tentando começar a radioterapia para combater dois tumores. A filha dela, Tatiane Silva diz que o tratamento pode mudar a vida de Janaína.

“O Inca (Instituto Nacional do Câncer) fez as primeiras consultas dela. Falaram ue esse ano inscreveram ela no Sisreg (Sistema Estadual de Regulação) para ela começar a radioterapia. Mas eles falaram que não tem uma posição para dizer se ela é primeira, segunda, terceira. O câncer não espera, requer tratamento para poder mudar a vida dela. Não é fácil, e não é só ela, são vários pacientes com o mesmo problema”, reclamou Tatiane.

A Sociedade Brasileira de Oncologia diz que é urgente garantir o acesso ao tratamento para evitar mais mortes, como frisa a médica Clarissa Mathias.

“A morte por câncer está diretamente relacionada com o não tratamento e o não diagnóstico.A partir do momento que o paciente chega a um estágio mais avançado, perde-se a janela da possibilidade de cura desses pacientes”, disse Clarissa.

Thárcila Calvelli diz que o pai, Luiz Calvelli, está com um câncer no intestino. O estado dele é grave, mas ele está sem atendimento.

“Nós estamos em busca de atendimento oncológico para o meu pai. Nós descobrimos que ele está com câncer de intestino, o estado dele é muito grave e com a pandemia ele não está conseguindo atendimento no SUS, na rede pública”, disse Thárcila.

Os pacientes também estão lidando com a falta de medicação. Wagner Barros Leite já fez radioterapia, mas precisa tomar remédios para terminar o tratamento. A mulher dele Magda diz que ele foi informado que o medicamento está em falta e não tem previsão de entrega.

“Ele faz um tratamento mensal de injeção com medicação Degallerix. No dia 29 de junho fomos lá pra ser medicado e ele foi informado que não tem a medicação e nem tem previsão de entrega. É uma medicação muito cara, nós não temos condição, meu marido é aposentado. E câncer não espera, câncer mata”, disse Magda.

A direção do Hospital Cardoso Fontes diz que o medicamento chegou e que o paciente Wagner Barros Leite pode buscar o remédio na unidade.

A Secretaria Estadual de Saúde disse que as cirurgias de câncer foram mantidas durante a pandemia. A secretaria também afirma que o Sistema Estadual de Regulação tem diferente filas, de acordo com a gravidade e o tipo de câncer. E que os municípios são responsáveis por inserir os pacientes nas filas.

O Inca esclareceu que os atendimentos de emergência não foram suspensos em nenhum momento. Em relação à paciente Janaína, o Inca disse que ela vem sendo acompanhada e que os exames dela estão sendo analisados pelos médicos.

O Inca disse também que os atendimentos foram retomados no início de junho. E mesmo com as remarcações, todos os pacientes terão agendamentos feitos.

A Prefeitura do Rio informou que as consultas de pacientes com câncer foram mantidas. E que outras marcações ambulatoriais foram suspensas.

Fonte: G1 / Por Ben-Hur Correia, RJ1

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