Skip to content

Coronavírus: Hospital referência em tratamento de câncer tem redução de até 87% em diagnóstico de tumores em SP

A pandemia do novo coronavírus na capital paulista esvaziou a procura pelo tratamento de câncer em um dos principais hospitais de referência ao tratamento da doença em São Paulo, o A.C. Camargo Cancer Center.

O número de exames para novos diagnósticos de câncer no hospital caíram até 87% na comparação entre abril deste ano e de 2019.

De acordo com os dados do hospital, dependendo do tipo de tumor, houve redução de 50 a 80% no número de consultas feitas pelos médicos oncológicos no mês de abril, comparado com o mesmo mês do ano passado.

Segundo o hospital, a redução mais acentuada se deu entre os pacientes de câncer de mama e de tumores urológicos.

O A.C Camargo registrou redução média de 65% no número de novos pacientes, sendo 74% no centro de referência de tumores da mama do hospital, e 79% no centro de referência de tumores urológicos, que são mais comuns em pacientes homens, acima de 60 anos.

O total de cirurgias para retirada de tumores caiu 54% nas quatro unidades quatro unidades do A.C Camargo em São Paulo. Algumas delas, segundo os médicos, foram postergadas por não apresentarem risco para os pacientes.

“Essa queda bastante acentuada, claramente foi por causa da pandemia de coronavírus. No início, nós mesmo, os médicos, pedíamos para os pacientes só irem para o hospital em casos urgentes, porque a gente não sabia muito como lidar com a doença. Passados quase dois meses, os ambientes hospitalares estão mais controlados e há mais gente curada no próprio hospital do que infectadas. Então, é o momento das pessoas voltarem a fazer o diagnóstico, porque muito nos preocupa uma pessoas com um melanoma, por exemplo, que é um câncer que se espalha muito fácil pelo corpo, ter uma evolução em dois três meses, que pode comprometer a recuperação”, conta o cirurgião oncológico João Duprat , chefe do Centro de Referência em Tumores Cutâneos do A.C.Camargo Cancer Center.

Especialista em cânceres de pele, os chamados tumores cutâneos, Duprat afirma que muitos deles têm comportamento agressivo e adiar o plano terapêutico pode significar a redução do sucesso do tratamento, que está atrelado ao diagnóstico e tratamento precoces.

De acordo com Duprat, o hospital teve uma queda de mais de 50% no número de novos diagnósticos de câncer de pele durante a pandemia de coronavírus.

“No início dessa crise, era normal os pacientes adiarem consultas e exames para detecção de tumores ou acompanhamento do quatro clínico, por medo de infecção. Não tenho dúvidas de que o isolamento social foi fator relevante para que a gente não tivesse um pico mais alto e acelerado na cidade, mas a gente não sabe quanto tempo isso ainda vai durar até o achatamento mais expressivo da curva. E muitos tumores têm como fatos decisivo de cura o diagnóstico no início dos sintomas. Por isso a necessidade das pessoas voltarem a fazer seus exames e marcarem as cirurgias necessárias”, avalia João Duprat.

O A.C Camargo afirma que o número de sessões de quimioterapia e radioterapia realizadas pelo hospital também teve queda de 10% em abril, e lembra que as pessoas não podem interromper o tratamento intravenoso após iniciar as aplicações.

Para a realização dessas sessões, o hospital diz que tem tomado todos os cuidados para poder evitar o encontro de pessoas no mesmo ambiente e os profissionais têm usado os equipamentos de proteção individual para evitar qualquer contágio.

“Nós temos um andas exclusivo para os pacientes com Covid-19. E mesmo aqueles que não testaram positivo, eles são tratados como se fosse assintomáticos e isolados da mesma forma, em isolamento, com ambiente controlado e sem contato físico com nenhum profissional. Se ele precisa fazer uma cirurgia, nós estamos colhendo as amostras para exames de PCR 72 horas antes para saber se ele tem o coronavírus. Se tiver, a cirurgia é adiada, e se não tiver, ele vai ser internado e tratado em isolamento total até a recuperação e a alta”, conta Duprat.

“São cuidados que muitos hospitais estão tomando e que são necessários para que as pessoas não deixe de se tratar do câncer, porque a espera pode ser ainda mais prejudicial depois de dois um três meses sem diagnóstico”, aponta o médico.

Fonte:  G1 | São paulo

Back To Top