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Cannabis Medicinal na Oncologia

Evidências e desafios são debatidos por especialistas em Saúde

Desde a autorização da importação dos produtos à base de cannabis pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2015, o uso da terapia no Brasil cresceu significativamente, aumentando cinco vezes entre 2017 e 2021. Mas ainda há muitas barreiras que precisam ser desmistificadas para que este tipo de medicamento seja melhor compreendido e para que o acesso seja ampliado. Compartilhar informações e promover discussões embasadas em evidências científicas são atitudes fundamentais para lidar com os desafios e permitir que mais pacientes com câncer se beneficiem do tratamento.

De acordo com a Dra. Paula Dall’Stella, médica oncologista, fundadora da Sativa Global Education, a cannabis medicinal é opção para ajudar os pacientes a melhorar diferentes tipos de efeitos colaterais causados pelo tratamento padrão. 

“Ajuda na ansiedade, no sono. É comum que pacientes deixem de tomar medicamentos químicos para dor, para náusea, melhorando os efeitos adversos que eles podem causar. Com isso, eles podem performar melhor em seus tratamentos, aderirem mais”, comentou Dra. Paula. 

Malu Orsini, paciente de linfoma de Hodgkin em remissão, é a prova disso.

“Após receber o diagnóstico de câncer, comecei a utilizar a cannabis medicinal para aliviar os sintomas. Eu ficava dias sem me alimentar e a única coisa que me ajudou a conseguir comer, sem ficar enjoada, era a cannabis. Eu tinha muitas dores ósseas, por conta do medicamento para tratar o linfoma, e o óleo de cannabis ajudava a aliviar. Também me ajudou muito para a aliviar a insônia, contou. 

Dra. Paula trouxe um ponto importante: embora o medicamento seja natural e seguro, ele pode sim causar interação medicamentosa. Por isso, é crucial ter conhecimento e muito cuidado para a indicação.

“Todos os estudos mostraram que a associação dos tratamentos se mostrou superior aos tratamentos individuais. Então, durante o tratamento oncológico, não se considera apenas seguir com a cannabis. Ela não é vista como primeira linha de tratamento. Mas é importante mencionar que pode, sim, causar interação com medicamentos utilizados no tratamento padrão contra o câncer. Por isso é preciso ter cuidado e também conhecimento, antes de prescrever”.

De acordo com a médica, apenas em torno de 1% a 2% dos médicos entendem sobre o assunto, o que acaba gerando barreiras para que os pacientes possam ter acesso. 

Outra barreira é o tabu que cerca o uso do medicamento. E, segundo Ivo Bucaresk, ex-Diretor da Anvisa, ele está relacionado à questão do combate às drogas. 

O debate vem avançando e há quatro anos estive em discussões para que o medicamento pudesse ser comprado em farmácia. Hoje, demora muito para que o paciente possa ter acesso. Também é preciso baratear o produto, disponibilizar no SUS. O desafio ainda é forte. É fundamental que os pacientes participem dos debates e possamos tirar os preconceitos, inclusive via educação médica, no Congresso Nacional, na Anvisa. Queremos incorporar no sistema público, nos planos de saúde e nas farmácias. Queremos que todos os pacientes que necessitem tenham acesso”, finalizou.  

Fonte: Comunicação Movimento TJCC

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