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Tema: Prevenção e detecção precoce: O que é importante saber?

Organizador: Hospital Albert Einstein

Este painel teve como tema central formas de facilitar e incentivar que as pessoas tenham hábitos mais saudáveis e realizem o diagnóstico precoce. Foram abordadas explicações do motivo do câncer ser identificado tardiamente, o porquê as pessoas fazem certas escolhas, se expondo aos fatores de risco, e qual a melhor forma de diminuir o contato com esses fatores.

“Métodos atuais de rastreamento para câncer de cólon, pulmão e mama são eficazes, mas apresentam níveis de aderência abaixo do esperado e não capturam sinais de tumores em outros locais”, apontou o Dr. Alessandro Leal, médico oncologista pelo HCFMUSP/ICESP, PhD em genômica do câncer pela Johns Hopkins University (Baltimore, EUA) e responsável médico pela área de Medicina de Precisão do Hospital Israelita Albert Einstein.

Ele considerou que a baixa aderência, provavelmente, está relacionado com o fato dos exames serem invasivos. O ideal é que o rastreamento fosse realizado por meio de testes como a biópsia líquida, que utiliza o sangue para identificar se o indivíduo é saudável ou apresenta alguma fragmentação do DNA relacionada ao câncer. Ou seja, um teste que as pessoas rejeitariam menos por considerarem desconfortável.

Para alguns tipos de tumor, a biópsia líquida vai substituir sim alguns exames de rastreamento, principalmente para aqueles que liberam hormônios no sangue”, disse.

Ainda considerando a questão emocional do ser humano, o Dr. Fábio Romano, Coordenador do programa Survivorship do Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Albert Einstein, questionou se conhecimento é o suficiente para tomar decisões sensatas. 

O doutor explicou que as atitudes do homem tem como base a busca do prazer imediato, sobrevivência e conhecimentos prévios. Essas experiências anteriores geram gatilhos emocionais e, toda vez que um situação semelhante acontecer, esse gatilho orientará qual ação deve ser feita. Dessa forma, o ideal é cuidar das pré-condições para evitar buscar um prazer imediato (como comida, álcool e afins) como forma de “recompensa”.

“A prevenção primária é a mais complexa, porque mudar o estilo de vida é muito complicado, principalmente quando você recebe endorfina e recebe o prazer imediato. Por isso eu insisto que a melhor forma de fazermos isso é por meio de políticas públicas”, falou Andre Carvalho, pesquisador na Agência Internacional de Pesquisa em Câncer da Organização Mundial de Saúde (IARC/WHO) e mestre em Saúde Pública pela University of Washington (Seattle, EUA).

Para ele, os motivos da prevenção do câncer ser tão difícil de ser feita é porque o sucesso é invisível – se todas as orientações forem seguidas, a pessoa está prevenida, então não é possível saber se a doença aconteceria ou não -, os resultados demoram para aparecer – o governo não vê o resultado de suas ações enquanto ainda está administrando – e há conflitos de interesses pessoais. 

Andre utilizou como exemplo as ações de incentivo de diminuição do consumo do tabaco e a proibição de bronzeamento artificial e considerou que o mesmo deve ser feito com os outros fatores de risco, principalmente com a obesidade.

“Ter menos escolhas e promover as escolhas saudáveis facilita. Precisamos ter políticas públicas, como temos para o tabaco e pelo álcool, para a alimentação”, salientou.

Tema: Promoção em saúde: custo ou investimento?

Organizador: Movimento TJCC

Este painel teve como tema central a demonstração de como o investimento em prevenção pode custar menos, para os cofres públicos e também para a saúde suplementar, e, ao mesmo tempo, salvar a vidas. Foram abordadas questões de quais e como os recursos são, atualmente, investidos, o papel da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) junto aos convênios para a prevenção do câncer e a necessidade da criação de tributos para todos os produtos que são fatores de risco para o aparecimento câncer – principalmente aqueles divulgados como forma de entretenimento.

Olivia Lucena de Medeiros, Coordenadora Geral de Prevenção de Doenças Crônicas e Controle do Tabagismo (CGCTAB/SAPS), do Ministério da Saúde, elencou as oito áreas mais relevantes para as quais os recursos financeiros são alocados. Dentre elas, três são agendas focadas, especificamente, na promoção da saúde contra cânceres.

Um dos pontos destacados por ela, foi o pagamento por desempenho. Nessa forma de trabalho, a equipe médica é remunerada, adicionalmente, conforme a melhora dos indicadores. 

Por exemplo, o indicador de exames patológicos que, atualmente, é de 14%. “Ele está longe da meta, mas vem aumentando ao longo dos anos. 2020 é o primeiro ano do pagamento por desempenho nesse formato, coincidiu com o ano de pandemia, onde o rastreamento teve diversas adaptações. Então a nossa expectativa é que nos próximos anos, esse pagamento por desempenho vá induzir melhora na atividade dessas equipes”, explicou. 

Já na saúde suplementar, a ANS, de acordo com Katia Audia Curi, Coordenadora de Indução da Qualidade da ANS, incentiva as operadoras a investirem em programas de prevenção e promoção de saúde e orienta que utilizem dados dos beneficiários para isso.

“Os prestadores de serviço dos convênios podem utilizar os dados dos associados para cooperar na questão do diagnóstico do câncer. Por exemplo, analisar mulheres que estão em idade de realizar a mamografia ou o papanicolau e ainda não realizaram”, aconselhou.

Para os beneficiários de planos privados que já foram diagnosticados com câncer, Katia contou sobre a implementação de um novo modelo de cuidado com centralização no paciente. O objetivo é integrar a qualidade do sistema, especialmente por meio de um registro que permita o compartilhamento das informações sobre o paciente, facilitando o cuidado contínuo.

Paula Johns, Diretora Geral da ACT Promoção da Saúde, ressaltou que as doenças crônicas são responsáveis por 72% das mortes no Brasil e, em grande parte dos casos, as patologias evitáveis. Para diminuir a exposição aos fatores de risco deveriam existir políticas públicas, como a tributação e regulamentação de propagandas. 

“Tudo o que custa muito caro para a saúde tem que ser fortemente tributado. Isso é uma realidade para os cigarros, mas não é para as bebidas adoçadas. Algumas empresas que produzem produtos que são prejudiciais à saúde, cujo tratamento custa caro para o Saúde, tem sua tributação favorecida”, afirmou.

Ela ressaltou o maior contato da população com produtos prejudiciais à saúde durante a pandemia do novo coronavírus. Enquanto as pessoas encontravam mais tempo para cozinhar, diminuindo o consumo de alimentos ultraprocessados, elas também eram bombardeadas pelo marketing de bebidas alcoólicas durante as lives e incentivadas a consumir esse tipo de bebida por meio de aplicativos de entrega. Além disso, houve também um abandono da realização de exercícios físicos.  

O debate foi moderado por Iuri Pitta, Jornalista com mais de 20 anos de experiência e, atualmente, é analista de política na CNN Brasil.

Impacto da pandemia nos fatores de risco para o câncer e accountability

Organizador: ACT

O isolamento social por conta da COVID-19 reforçou alguns hábitos na população que, no dia a dia, acabam não sendo tão facilitados. O primeiro deles foi o consumo de cigarro. Estar em casa favorece o ato de fumar, já que não é preciso sair do ambiente de trabalho para isso, por exemplo. Sentimentos como ansiedade, causada pela incerteza do cenário que vivemos, também faz com que os fumantes acabem por consumir um número maior de cigarros.

Mas é importante salientar que o novo coronavírus ataca especialmente as vias respiratórias, o que coloca os fumantes no grupo de pessoas com maior pré-disposição para o desenvolvimento da doença mais grave, de acordo com Vera Luiza da Costa e Silva, médica consultora da Organização Mundial de Saúde (OMS). 

“Os malefícios do tabaco estão muito bem estabelecidos e, por ano, causam 8 milhões de mortes em todo o mundo. Pacientes da COVID-19 que sejam fumantes têm 2,5 vezes mais chances de ter uma progressão da doença, com necessidade e intubação ou ventilação. Isso sem contar com o compartilhamento de cigarros, cigarros eletrônicos e narguilé, que costuma ser muito comum e pode aumentar o risco de contaminação pelo vírus”. 

O consumo de bebida alcoólica também cresceu. Nos Estados Unidos, as lojas de bebidas foram consideradas como serviços essenciais. De acordo com a AMBEV, no início da pandemia houve queda no consumo no Brasil, mas com o passar do tempo as vendas cresceram em 5%. 

“Dentre os motivos para isso está o chamado acesso inteligente, com descontos na compra de cervejas e outras bebidas, e o uso da tecnologia para o acesso aos produtos. Via delivery, a pessoa recebe a bebida alcoólica sem nem precisar sair de casa. As lives, organizadas por artistas populares no Brasil, também foram usadas como estratégia para a venda de álcool, já que muitas delas eram patrocinadas por grandes marcas deste tipo de indústria”, reforça Ilana Pinsky, psicóloga. 

A má alimentação e o sedentarismo passaram a fazer parte da rotina dos brasileiros. E ambos são fatores de risco para o desenvolvimento de diferentes tipos de câncer.

De acordo com Ricardo Brandão, coordenador adjunto do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Exercício e do Esporte da UERJ, houve 12% na redução dos níveis de atividade física durante a pandemia, sendo que praticar exercícios pode ajudar em melhores desfechos nos quadros da COVID-19. 

Já na alimentação, 18% das calorias disponíveis nos domicílios são de ultraprocessados, o que aumenta em 26% a obesidade. 

“Embora durante o isolamento social as pessoas passaram a cozinhar mais, a facilidade na compra por ultraprocessados ou por alimentos mais gordurosos, via aplicativo, também aumentou. As lives com os artistas também foram patrocinadas por empresas da indústria alimentícia, que tentam a todo custo causar um impacto social positivo. É preciso garantir que a população tenha acesso fácil aos alimentos saudáveis e educação para uma melhor alimentação. Para isso, é temos de aumentar a tributação”, disse Ana Paula Bortoletto, coordenadora do Programa de Alimentação Saudável no Idec. 

Palestra Satélite 

Juntos Contra o Câncer de Ovário

Organizador: GSK

O câncer de ovário é silencioso. A maioria das pacientes é diagnosticada em estágios avançados. Nos dias de hoje, políticas públicas e informação são fundamentais para monitorar a saúde das mulheres. 

Anne Carrari, paciente de câncer de ovário metastático desde 2015, revelou ter buscado por informações a respeito de sobreviventes deste tipo da doença e não ter encontrado. E quando tornou-se voluntária do Instituto Oncoguia, obteve acesso ao dado de que 70% das mulheres recebem o diagnóstico tardio. 

“É muito importante que as mulheres se conscientizem sobre este tipo de câncer. É preciso escutarmos mais o corpo. Mas os médicos também precisam ouvir seus pacientes. Às vezes, assim como o resultado de um exame, um relato pode ser essencial para um diagnóstico precoce”, alertou.

Fernando de Lima, jornalista e fundador da Associação de Combate ao Câncer de Ovário – ACCO, reforçou a importância da comunicação para a prevenção da doença.

“Falar sobre o câncer de ovário é estratégia fundamental para alertar as mulheres. Hoje, 20% das brasileiras acima dos 16 anos não vão ao ginecologista com regularidade. 31% considera-se saudável, mesmo sem nenhum tipo de avaliação e 22% não acha importante passar por este tipo de consulta. Para mudarmos esse cenário, é preciso envolvimento da sociedade organizada, sociedades médicas e gestão pública”. 

De acordo com o Dr. Fernando Maluf, médico oncologista na BP – A Beneficência Portuguesa e no Hospital Israelita Albert Einstein, de todos os tumores femininos, o câncer de ovário é o que merece mais cuidado. O motivo? Não existem exames de rastreamento.

“Por não ter como rastrear, a cada dez mulheres com a doença, oito já estão em estadiamento avançado. Quando em estágio inicial é possível preservar o útero, possibilitando que mulheres jovens possam até ter filhos. Nos estágios mais avançados, o tratamento passa a ser cirúrgico, mas nem sempre é possível retirar todo o tumor”, falou. 

O tratamento também foi tema abordado. Atualmente, dentre as opções estão as chamadas “terapias locais”, quando visa tratar um tumor local, sem afetar o restante do corpo, por meio de cirurgia e radioterapia, ou as “terapias sistêmicas”, com o uso de medicamentos que podem ser administrados via oral ou diretamente na corrente sanguínea, incluindo quimioterapia, hormonioterapia e terapia-alvo. 

É difícil definir a sobrevida global, pois os tratamentos podem levar a uma grande sobrevida da paciente e, quanto mais ela vive, mais difícil ter o controle. Além disso, nos estudos, se é percebido que um grupo está tendo ótimos resultados e o outro não. De forma ética, os médicos precisam oferecer medicamento para as pacientes que estão no grupo controle”, pontuou Marcos Santos, médico cancerologista. 

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